Presentes na conferência de imprensa desta quarta-feira estiveram a secretária Adjunta de Estado e da Saúde, Jamila Madeira, e o subdiretor Geral da Saúde, Diogo Cruz.
Testes
- Portugal já realizou 1,48 milhões de testes. A governante salientou que se "mantém a capacidade de realização de testes", com uma "tendência ascendente" em julho face a junho, registando este mês uma média diária de 13.670 provas.
- Simultaneamente, Jamila Madeira enfatizou a importância do alargamento da rede laboratorial de 20 para 98 laboratórios em julho, com presença em todo o território. "Este alargamento da capacidade laboratorial tem sido determinante na resposta eficaz à pandemia e será ainda este ano substancialmente reforçada com o novo investimento, conforme previsto no Programa de Estabilização Económica e Social e acomodado no Orçamento Suplementar", frisou.
A secretária de Estado Adjunta e da Saúde considerou ainda que o reforço já previsto para a medicina intensiva, recursos humanos, meios de saúde pública e sistemas informáticos, além do aumento do orçamento inicial da saúde para 2020, sublinham "uma opção clara pela robustez e capacidade da resposta do Serviço Nacional de Saúde" (SNS) face ao desafio da pandemia e da prestação dos outros cuidados de saúde.
Entrada no país sem testes negativos à covid-19
- Questionada sobre a notícia do Diário de Notícias, que dava conta da chegada a Portugal, através do aeroporto de Lisboa, de passageiros que não fizeram teste à covid-19, Jamila Madeira confirmou tal cenário, mas salientou que "foram situações absolutamente residuais" e que foram casos "marginais que foram identificados".
- O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) identificou os cidadãos "para posterior contacto pelas autoridades de Saúde" para fazerem esses testes necessários. Além disso, salientou que os mesmos "preencheram o PLC [Passenger Locator Card], o cartão de passageiro, que nos dá toda essa informação para o caso de ser necessária".
- Trata-se de um procedimento obrigatório desde o dia 6 deste mês para cidadãos nacionais e estrangeiros com residência em Portugal, oriundos do Brasil, Estados Unidos da América e Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Se não foram testados, têm de se submeter ao teste nas instalações do aeroporto.
- De acordo com o Diário de Notícias, no sábado, só no voo que aterrou em Lisboa vindo de Maputo, entraram em Portugal 106 pessoas sem teste negativo.
Austrália, a chegada do Inverno e uma possível segunda vaga
- Sobre a possibilidade de Portugal vir a sofrer uma nova vaga de casos como se está a verificar agora na Austrália, o subdiretor-Geral da Saúde exorta para o facto de a covid-19 não se estar a "portar como uma gripe vulgar".
- "Nós estamos a ter covid em perfeitos períodos de verão em vários países do mundo, Portugal é um deles. Vejam o caso de países com climas mais tropicais como os Estados Unidos, por exemplo no Estado da Florida", explicou Diogo Cruz.
- No entanto, frisa que "do ponto de vista de Inverno tem uma vantagem: é primeiro do que o nosso" e que, por isso, Portugal pode tirar alguma conclusão do que pode surgir quando chegar ao país. E será um barómetro porque é um país "francamente desenvolvido".
A vacina da BCG
- Questionado sobre se a vacina pode ou não ser utilizada para tratar a covid-19, Diogo Cruz, salientou que um ensaio clínico bem feito, controlado, "demora anos" e "não se faz em meia dúzia de meses". A DGS está a acompanhar os ensaios e quando existirem novidades estas serão reportadas.
- Contudo, a Organização Mundial da Saúde está a acompanhar dois ensaios dos quais ainda não existem conclusões — "nem sequer nos chegaram resultados preliminares".
Surto na Lisnave sobe para 12 casos de infeção
- Diogo Cruz afirmou que, dos 72 trabalhadores testados até agora, 12 estão positivos e estão entre os que trabalham nas obras de reparação de navios.
- No navio Atlantic Orchard, em reparação no estaleiro da empresa, a tripulação foi testada e não está infetada, adiantou. Há mais de uma semana, dois técnicos que se encontravam a bordo do navio começaram a apresentar sintomas, fizeram os testes e o resultado foi positivo.
Não existem 5.000 casos perdidos
- Uma das questões levantadas foi relativamente à discrepância que existe entre o número total de infetados e a respetiva distribuição por concelhos. No boletim da DGS, há cerca de 5.000 que não estão identificados. Sobre isto, Diogo Cruz esclareceu que não "existem casos perdidos".
- "Estamos a tentar notificar o mais rápido possível para ser o mais transparente possível todos os casos que temos. Isto faz com que, assim que entra uma notificação, contamos como um caso. A notificação laboratorial pode entrar por defeito como o sítio onde está o laboratório sediado a fazer o exame", esclareceu, lembrando que no início do boletim epidemiológico o número de casos em alguns concelhos oscilava, sem que houvesse "novos casos" no local.
- "Os doentes entravam para um concelho que tinha a ver com o sítio onde o laboratório estava e depois no dia a seguir quando a autoridade de saúde contactava o doente, o doente mudava de sítio, para o sítio real, e a pessoa mudava de concelho e ia de um lado para o outro. Portanto, para evitar estas grandes oscilações", a solução da DGS passa agora por inserir na lista os casos em que "a autoridade da saúde já mudou as notificações médicas". Ou seja, sem contabilizar as notificações laboratoriais.
DGS remete reabertura dos centros de dia para Ministério da Segurança Social
- A autorização para a reabertura dos centros de dia é do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, estando a Direção Geral da Saúde disponível para elaborar normas de prevenção da covid-19 para essas instituições, afirmou hoje o subdiretor Geral da Saúde.
- "Como está expressa na resolução do Conselho de Ministros, a decisão de reabertura dos centros de dia não compete a nós [DGS], mas ao Ministério do Trabalho", disse Diogo Cruz.
- O subdiretor Geral da Saúde afirmou que a DGS "está disponível para continuar a ajudar na reabertura" e a "articular-se" com a tutela na elaboração de orientações de prevenção da covid-19 nos centros de dia.
- Diogo Cruz justificou o atraso na reabertura dos centros de dia com o facto de ter utentes de "grupos de risco significativo para a covid-19".
Não há carência de medicamentos
- "Não existe carência [de medicamentos] digna de registo", afirmou Jamila Madeira. A governante explicou que existe uma "reserva estratégica", que é "monitorizada diariamente".
- Questionada sobre a indisponibilidade do medicamento "victan", a secretária de Estado Adjunta e da Saúde esclareceu que existe uma “indisponibilidade temporária para abastecer o mercado”, estando a Autoridade Nacional do Medicamento- Infarmed a “desenvolver todos os esforços no sentido de repor esse medicamento".
- Contudo, explicou que "existe terapêutica alternativa", havendo orientações do Infarmed e da Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica aos profissionais de saúde para adotarem "a terapêutica alternativa ou terapêuticas não farmacológicas alternativas".
- A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) anunciou, na terça-feira, que o medicamento indicado para ansiedade e sintomas nervosos "Victan 2mg" está indisponível no mercado, apontando como "data provável" para a sua reposição o quatro trimestre deste ano.
- O medicamento Victan, substância ativa Loflazepato de Etilo, é classificado como benzodiazepina com atuação ao nível do sistema nervoso central, encontrando-se indicado para a ansiedade e sintomas ansiosos.
O que dizem os números do boletim de hoje
Portugal regista hoje mais cinco mortes e 252 novos casos de infeção por covid-19, em relação a terça-feira, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim, desde o início da pandemia até hoje registam-se 49.150 casos de infeção confirmados e 1.702 mortes.
Lisboa e Vale do Tejo, onde há mais surtos ativos, soma hoje 24.685 casos, mais 215 infetados do que na véspera e mais quatro mortos.
Em termos percentuais, nas últimas 24 horas, o aumento de óbitos foi de 0,3% (passou de 1.697 para 1.702) e o de casos confirmados de 0,5% (de 48.898 para 49.150).
Lisboa e Vale do Tejo é a região onde o aumento dos casos continua a ser mais significativo, contabilizando 85,3% dos novos casos, com 215 dos 252 contabilizados. Na zona de Lisboa que ocorreram quatro dos cinco casos mortais por covid-19 registados nas últimas 24 horas.
(Notícia atualizada às 18:14)
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