"Sou candidato a Presidente da República, não sou candidato a percentagens eleitorais", afirmou o deputado ao Parlamento Europeu que o PCP apresentou e apoia às presidenciais de 2021, questionado pelos jornalistas sobre qual a meta a atingir ou se consideraria uma derrota ficar atrás de André Ventura, o pré-candidato mais à direita.

João Ferreira, que é também vereador da Câmara de Lisboa, eleito pela CDU, afirmou-se como um candidato "da convergência", contra a resignação e o medo.

Questionado sobre se a sua candidatura poderia ser um ensaio para uma corrida a secretário-geral, o eurodeputado deu, por duas vezes, a mesma resposta e sem responder diretamente à questão: “Não vou contribuir para desvalorizar a importância destas eleições em que estou e estarei empenhado.”

Já sobre uma eventual desistência, como já aconteceu no passado com candidatos apoiados pelo PCP no passado, João Ferreira fechou a porta e afirmou que “a força em que esta candidatura se impulsiona demonstrou que esteve à altura das decisões que se impunham tomar para defender a Constituição e o regime democrático”.

Ao longo de 23 minutos e cinco páginas de discurso, no salão da Voz do Operário, entrecortado por palmas, o eurodeputado e vereador de Lisboa, que não vai suspender os seus cargos por entrar na corrida a Belém, enumerou as razões da sua candidatura.

É “um projeto”, definiu, da defesa dos direitos dos trabalhadores, contra “discriminações, exclusões e combate as injustiças sociais”, pelo “direito ao trabalho”, ao “emprego com direitos”.

Estas “não podem ser apenas palavras inscritas nas páginas da Constituição, têm de ser realidade concreta na vida dos trabalhadores, acompanhar o desenvolvimento das forças produtivas, do custo de vida”, afirmou.

A apresentação da candidatura comunista aconteceu na Voz do Operário, em Lisboa, perante cerca de duas centenas de simpatizantes, militantes e dirigentes, entre eles dois ex-candidatos presidenciais que chegaram à liderança do partido, Carlos Carvalhas e Jerónimo de Sousa, o atual secretário-geral, além de autarcas como Bernardino Soares, deputados como António Filipe e o líder parlamentar, João Oliveira.

A seis meses do fim do mandato do atual Presidente da República, são já oito os pré-candidatos ao lugar de Marcelo Rebelo de Sousa.

São eles o deputado André Ventura (Chega), o advogado e fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan Gonçalves, o líder do Partido Democrático Republicano (PDR), Bruno Fialho, a eurodeputada e dirigente do BE Marisa Matias, a ex-deputada ao Parlamento Europeu e dirigente do PS Ana Gomes, Vitorino Silva (mais conhecido por Tino de Rans), o ex-militante do CDS Orlando Cruz e João Ferreira, do PCP.