Fazendo o rescaldo das eleições presidenciais de domingo, em entrevista à SIC Notícias, o vice-presidente do PSD considerou que “parece esquecido que foi o centro quem teve a maior expressão eleitoral”.

“Andamos só a falar da direita e da esquerda, mas foi no centro e nos setores moderados que se afirmou um projeto político identificado pelo candidato que ganhou”, começou por dizer, sem referir candidatos particulares.

No entanto, perante a insistência da jornalista para um comentário sobre o resultado do terceiro candidato mais votado nas eleições de domingo, David Justino disse que não queria participar naquilo que considera ser uma sobrevalorização forçada desse resultado.

“Eu não alinho no empolamento que se está a fazer do resultado que obteve. Objetivamente, fala-se mais de André Ventura do que se fala de Marcelo Rebelo de Sousa. Quem ganhou as eleições não foi André Ventura”, sublinhou.

Além do candidato particular Marcelo Rebelo de Sousa que, relembrou o vice-presidente, teve mais votos do que há cinco anos, quando foi eleito para o primeiro mandato, para David Justino, “se há uma vitória afirmada, é dos setores moderados e não dos radicais”.

“Se juntarmos as forças moderadas, mais à esquerda ou mais à direita, representa entre 75% e 80% do eleitorado”, referiu, sem explicitar que candidaturas inclui nas “forças moderadas”.

Questionado sobre se temia que parte dos votos em André Ventura viessem de eleitores do PSD, disse que essa tendência está identificada desde as eleições legislativas, em 2019, com a participação do Chega.

“O empolamento do Chega correspondeu ao esvaziamento do CDS-PP, e do PSD também”, admitiu, considerando, por outro lado, que os resultados do candidato da extrema-direita revelavam, sobretudo, a existência de um eleitorado que não vê os seus problemas resolvidos.

"São setores para os quais não tem havido resposta, em zonas mais deprimidas, envelhecidas e confrontadas com fenómenos de alguma estigmatização”, explicou, afirmando que esse mesmo motivo explica que André Ventura tenha ultrapassado João Ferreira no Alentejo, sem esvaziar, ainda assim, os partidos do centro de qualquer responsabilidade.

Carreiras recusa “boleias” a políticas extremistas à esquerda ou à direita

O presidente da Câmara Municipal de Cascais, ex-dirigente nacional social-democrata, recusou hoje que o PSD dê “boleias” a “políticas extremistas”, sejam elas “de esquerda ou de direita”.

“Por exemplo, em Cascais, não considero que deva criar espaço, dar boleias a políticas, a qualquer movimento, partido radical ou extremista, que esteja situado à esquerda ou à direita”, defendeu, em declarações à agência Lusa.

Na noite eleitoral de domingo, o candidato presidencial do Chega, André Ventura, ex-militante “laranja”, dirigiu-se ao PSD e exclamou, perante os resultados de cerca de 12%, que não havia alternativa governamental a não ser com a participação do seu partido da extrema-direita parlamentar.

Quanto ao caminho que o PSD deve tomar, Carlos Carreiras defendeu que o partido deve "afirmar-se, enquanto alternativa ao Governo socialista, e passar a fazer uma oposição construtiva, mas apresentando um projeto alternativo”.

No domingo, o presidente do PSD, Rui Rio, disse ver, nos resultados das presidenciais, um “esmagamento claro da esquerda e numa vitória fortíssima do candidato moderado” e chamou a atenção para o segundo lugar alcançado por André Ventura no Alentejo, ultrapassando o candidato apoiado pelo PCP, João Ferreira.

Marcelo Rebelo de Sousa, com o apoio do PSD e CDS, foi reeleito Presidente da República nas eleições de domingo, com 60,70% dos votos, segundo os resultados provisórios apurados em todas as 3.092 freguesias e quando faltava apurar três consulados.

A socialista Ana Gomes foi a segunda candidata mais votada, com 12,97%, seguindo-se André Ventura, do Chega, com 11,90%, João Ferreira (PCP e Verdes) com 4,32%, Marisa Matias (Bloco de Esquerda) com 3,95%, Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal) com 3,22% e Vitorino Silva (Reagir, Incluir e Reciclar - RIR) com 2,94%.

A abstenção foi de 60,5%, a percentagem mais elevada de sempre em eleições para o Presidente da República.

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