Shah Karim al Hussaini, Príncipe Aga Khan, 49.º imã hereditário e líder espiritual dos muçulmanos xiitas ismaelitas, já é cidadão português.
O anúncio foi feito por Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República durante a cerimónia de encerramento dos Prémios Aga Khan para a Música, que decorreu ontem, 31 de março, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
“Estou muito orgulhoso em tê-lo como cidadão português, sendo ao mesmo tempo um cidadão do mundo”, disse o chefe de Estado português, a quem coube anunciar a atribuição da cidadania portuguesa aprovada pelo governo português há duas semanas como reconhecimento pelas ações desenvolvidas pelo Príncipe (através da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento e da Fundação Aga Khan Portugal) em prol da República Portuguesa.
A Rede Aga Khan para o Desenvolvimento instalou-se em Portugal em 1983, através da Fundação Aga Khan Portugal, e atua nas aéreas de desenvolvimento social, educação e cuidados de saúde, desenvolvimento económico e desenvolvimento cultural. As ajudas às vítimas dos incêndios de Pedrógão foi uma das faces visíveis da responsabilidade social e filantropia da instituição.
Mas não se fica por aqui o relacionamento entre Portugal e esta importante comunidade ismaelita constituída por cerca de 15 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo, sendo que se estimam que existam cerca de 15 mil em Portugal, grande parte oriunda de Moçambique.
Lisboa, que foi o palco escolhido para a cerimónia de encerramento das celebrações do jubileu de diamante (60 anos) de Aga Khan, irá acolher a sede formal e permanente do Imamat Ismaili. O Palácio Henrique Mendonça, outrora propriedade da Universidade Nova de Lisboa, acolherá o gabinete do líder da comunidade e a estrutura responsável pela Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, em particular a Fundação Aga Khan.
Recorde-se que o mais recente cidadão português, Shah Karim al Hussaini, Príncipe Aga Khan, descendente direto do profeta Maomé, nascido a 13 de dezembro de 1936 na Suíça, filho do príncipe Aly Khan e da princesa Tajuddawlah Aly Khan, já tinha sido agraciado em Portugal com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a Grã-Cruz da Ordem do Mérito e com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Prémios de 500 mil dólares para música
A cerimónia de encerramento dos Prémios Aga Khan para a Música, no valor de 500 mil dólares, teve lugar na Fundação Gulbenkian, em Lisboa. Num espetáculo que reuniu nove vencedores, de seis categorias e oriundos de 13 países, o egípcio Mustafa Said foi o grande vencedor na categoria de desempenho.
Ao lado do Príncipe Aga Khan, Marcelo Rebelo de Sousa, que relembrou a tragédia de Moçambique, referiu-se a este prémio como “uma longa viagem em conjunto”, juntando Portugal e esta comunidade muçulmana com o pensamento “na paz no mundo, no multilateralismo, no diálogo” e numa “luta comum contra a intolerância”.
Criados por Aga Khan IV com o objetivo de promover a criação artística e musical de raízes islâmica, Portugal recebeu a primeira edição dos prémios que será entregue de três em três anos.
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