O MosaicoLab, financiado pelo projeto nacional CREATOUR, vai dinamizar ‘workshops', visitas guiadas e um festival sobre mosaico romano, pretendendo ainda formar desempregados nesta área, com a possibilidade de se gerarem empregos na produção do mosaicos e seus "primos", afirmou à agência Lusa um dos responsáveis pela iniciativa, Humberto Figueiredo, investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
"O desafio era encontrar estratégias inteligentes para um desenvolvimento sustentável e integrado de um território que é de baixa densidade, que não tem muitos recursos e em que a romanização é o principal património que tem", explicou.
A partir dessa ideia, o projeto passou a focar-se no turismo criativo em torno do mosaico romano, por ser o elemento da romanização "com mais potencial", ao ser "uma expressão de criatividade de um tempo", notou Humberto Figueiredo, apontando para o exemplo de Ravenna, "que vive com o mosaico enquanto património e enquanto criação".
Falando do exemplo daquela cidade italiana, o investigador do CES sublinhou que em Ravenna "há muitas empresas que se dedicam a fazer mosaico", que apesar de estar associado ao passado pode ser "uma fonte geradora de oportunidades - um fator vivo de novos interesses, gerando retornos económicos e uma onda de turismo muito importante".
Também no território entre Conímbriga, situada no concelho de Condeixa-a-Nova, e Santiago da Guarda se poderá aproveitar o património para gerar dinâmicas semelhantes, realçou.
"O mosaico pode ser uma atividade criativa", constatou, referindo que o projeto, para além da atividade cultural e dinamização turística que pode criar, pretende também formar pessoas "com baixa formação académica ou que estão desempregadas há muito tempo" na área do mosaico romano.
Nesse âmbito, o MosaicoLab quer formar posteriormente equipas especializadas na criação "de novo património ou criação de novas áreas de atividade, com expressões criativas que fazem parte do universo do mosaico ou que lhe são muito próximas".
"Para além do património que existe, pode criar-se novo património", frisou, referindo que essas mesmas equipas poderiam formar "um grande centro de interesse e de produção do mosaico" ou de "primos", como a calçada portuguesa.
"Queremos tirar o mosaico da vitrina para o valorizar. Embora estando no museu, é preciso sair do museu, torná-lo vivo na comunidade, no território, agindo para qualificar o território", explanou, salientando que do projeto pode sair uma espécie de "micro cluster' do mosaico" no território abrangido.
Para além de querer qualificar pessoas da comunidade, o projeto quer avançar já em 2018 com a realização de um festival dedicado ao mosaico romano, estando também já a dinamizar ‘workshops' para turistas de criação de mosaico, bem como visitas guiadas nos três espaços integrados na iniciativa.
"Num território onde há poucos recursos, olharmos para o património de forma mais integrada, vendo o seu potencial, é uma boa estratégia para se encontrarem" formas de desenvolvimento sustentável.
O projeto conta com o apoio dos municípios de Penela e de Ansião, da Escola de Arte e Desenho de Mérida (Espanha) e do Museu Monográfico de Conímbriga.
Comentários