Sobre o método de votação, o vice-presidente da distrital de Faro e porta-voz do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD para os Assuntos do Mar considerou que “os regulamentos e estatutos são claros” e disse confiar na idoneidade do presidente do Conselho Nacional, Paulo Mota Pinto.
“Tenho grande respeito pelo professor Paulo Mota Pinto, foi juiz do Tribunal Constitucional e jamais consideraria que, se forem cumpridas as formalidades - um décimo de conselheiros a pedir o voto secreto –, que esse requerimento seja submetido a votação. Esse requerimento opera ‘ipso facto’, ou seja, basta-se, para proteger as minorias e a democraticidade do processo”, defendeu.
Por outro lado, para Cristóvão Norte, “é uma evidência” que a proposta do antigo presidente da Assembleia da República Mota Amaral de votação nominal da moção de confiança nem deve ser admitida, uma vez que não está prevista nas regras do partido.
O Conselho Nacional do PSD vota na quinta-feira, numa reunião extraordinária deste órgão, uma moção de confiança à Comissão Política Nacional, apresentada pelo presidente do partido, Rui Rio, depois de o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro o ter desafiado a convocar eleições diretas, repto rejeitado pelo líder.
Um ano passado sobre a liderança de Rui Rio, Cristóvão Norte salientou que o problema foi que a sua estratégia – que considerou correta, ao contrário de outros críticos – não foi, em parte, concretizada.
“Estou obviamente desiludido, espero que haja clarificação. Preferiria que ela se fizesse em diretas, até porque nos últimos dias já houve uma mobilização maior no partido do que se tinha vindo a verificar”, defendeu, considerando que a desmobilização dos últimos meses afeta não só os militantes, mas também os potenciais eleitores do partido.
O deputado considerou que a apresentação da moção de confiança por parte de Rui Rio é “não ignorar o estado de coisas” e disse esperar que, “se o presidente do partido continuar, compreenda este descontentamento, que é generalizado”.
Quanto à legitimidade de Luís Montenegro para avançar nesta altura, o vice-presidente do PSD-Algarve considerou que ele “e outras pessoas” têm “o dever indeclinável” de se pronunciar quando consideram que “os alicerces do partido estão a ser fustigados”
“Espero que o resultado seja aquele que o Conselho Nacional democraticamente eleito traduza, mas que, de uma maneira ou de outra, seja compreendido por todos que é preciso não alterar a estratégia, mas realizar a que foi aprovada pelos militantes”, defendeu.
Para o deputado, se Rio conseguiu concretizar a estratégia de descolar o PSD de uma perceção pública – do seu ponto de vista, errada – de um partido colado à direita, falhou nos outros dois objetivos.
“A oposição que foi feita até hoje foi manifestamente insuficiente. O presidente do partido foi mais incisivo na declaração que proferiu no sábado do que alguma vez foi em relação ao primeiro-ministro António Costa”, lamentou, considerando que Rio falhou também na “construção de uma alternativa política”.
Dois destacados militantes do PSD, Miguel Relvas e José Pedro Aguiar-Branco, também se pronunciaram hoje sobre a situação interna do PSD.
Relvas, crítico de Rio desde a primeira hora, defendeu na TSF que o Conselho Nacional devia ter convidado Luís Montenegro para participar na reunião e expor as suas posições e acusou o presidente do partido de ter escolhido o “caminho mais fácil” ao não convocar diretas.
Ao Expresso, o ex-ministro da Defesa Aguiar-Branco acusa Rio de ter falhado na concretização de uma alternativa política ao PS e anuncia que, até ao final do mês, vai renunciar ao cargo de deputado e não estará disponível para integrar as listas à Assembleia da República em outubro.
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