“Quanto ao caminho a seguir para apurar uma solução final, solicito a V. Exa que evite todas as manobras dilatória ou construídas em laboratório jurídico, que possam abrir uma querela à volta de um dogma inquestionável. A decisão, seja ela qual for, deve ser deliberada por sufrágio secreto e universal”, escreve Menezes no documento a que a agência Lusa teve acesso.
Para o conselheiro nacional do PSD, “uma questão é certa, decisões de braço no ar, do tempo antes da ‘perestroika’, farão com que fiquem sempre suspeitas sobre as pressões que um poder instituído sempre tem sobre quem de si depende”.
O conselho nacional extraordinário vota na quinta-feira, no Porto, uma moção de confiança à direção do partido, apresentada pelo presidente do PSD, Rui Rio, depois de o antigo líder parlamentar Luís Montenegro o ter desafiado para diretas antecipadas, repto que rejeitou.
O regulamento do conselho nacional estabelece que as votações neste órgão se realizam por braço no ar, com exceção de eleições, deliberações sobre a situação de qualquer membro do conselho nacional e “deliberações em que tal seja solicitado, a requerimento de pelo menos um décimo dos membros do Conselho Nacional presentes”.
A questão da forma de votação já levou, na terça-feira, o antigo presidente do parlamento e do Governo Regional dos Açores Mota Amaral a anunciar que iria avançar com um pedido de votação nominal no conselho nacional extraordinário, justificando que lhe “repugna que possa haver quem no PSD tenha medo de assumir as suas posições”.
Hoje, na carta dirigida a Paulo Mota Pinto, Luís Filipe Menezes apela ainda à abertura “total e integral” do conselho nacional à comunicação social, deixando também como “conselho solidário e bem-intencionado” que o presidente da mesa do congresso permita a todos os principais atores que se exprimam “em igualdade de circunstâncias, perante os conselheiros nacionais”.
No documento, o social-democrata assinala que “desde há cerca de um ano que o PSD vive uma crise interna”, em “guerrilhas públicas entre militantes”, as quais têm substituído a transmissão de um discurso político “mobilizador dos militantes e convincente para o eleitorado”.
Para Menezes, “face aos resultados consequentemente sofríveis nas sondagens, há quem já prognostique a fatalidade de uma derrota eleitoral e mesmo uma crise de decrescimento que retire ao PSD, definitivamente, o estatuto de único grande partido líder alternativo de Governo”, um “vaticínio” com que “discorda em absoluto”.
Militante há 43 anos, Menezes lembra ter sido “líder do PSD eleito por uma larga maioria”, e por “respeito” às suas próprias “históricas responsabilidades”, não irá agora “manifestar uma opinião pessoal sobre qual o caminho que o partido deve seguir nesta encruzilhada”.
“Até poderia ter razões do foro mais afetivo para o fazer, mas não seria honesto com os princípios que sempre perfilhei”, destaca.
Para o antigo líder dos sociais-democratas (entre 12 de outubro de 2007 e 20 de junho de 2008), no conselho nacional extraordinário de quinta-feira “estarão em observação três decisões que serão decisivas”.
“A credibilização de quem ficar com a grande responsabilidade de liderar” o partido, nomeadamente “a liberdade que for dada à ampla exposição de legítimos contraditórios”, “a forma como for apurada a construção de uma solução final” e “a ampla visibilidade com que todas as ocorrências intermédias cheguem aos militantes, mas principalmente ao eleitorado no seu todo”.
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