O movimento de teóricos da conspiração QAnon, inspirado por um anónimo do Governo norte-americano, que assina “Q”, garante que o ex-presidente Donald Trump é o protetor da sociedade americana contra judeus e pedófilos e associa os democratas ao tráfico de crianças, canibalismo e rituais satânicos.

De acordo com a revista Sábado e semanário Expresso, em 2020 havia pelo menos 250 portugueses identificados nas redes sociais e que difundem nas redes sociais as mensagens racistas e de ódio deste grupo associado à extrema-direita.

Em Portugal, assinala-se no relatório “Estado de ódio – o extremismo de direita na Europa”, “tem havido uma mobilização significativa de extrema-direita nas redes sociais, propagando teorias da conspiração, propaganda e notícias falsas sobre a crise pandémica de covid-19”.

“O universo da conspiração foi adaptado à realidade portuguesa: o governo do Partido Socialista é acusado de instaurar uma ditadura de extrema esquerda no país, Bill Gates é o responsável pela pandemia, a rede 5G está relacionada com o coronavírus e as vacinas são falsas e produto de uma conspiração global”, lê-se no texto.

A parte portuguesa deste relatório, que retrata a situação em vários países europeus, é da autoria de dois jornalistas que se dedicam ao estudo da extrema-direita, Ricardo Cabral Fernandes e Filipe Teles, que descrevem a relação dos apoiantes portugueses ao movimento.

“Há pelo menos 250 elementos de extrema-direita portugueses bem inseridos nas redes sociais negacionistas, com o centro do movimento na Alemanha e em França, coordenando as suas manifestações em Lisboa que decorrem nos mesmos dias que decorrem outras em Berlim e Paris, geralmente aos fins-de-semana”.

O relatório anual de segurança interna de 2019, publicado em 2020, alertou que, "em Portugal, a extrema-direita tem vindo a reorganizar-se, reciclando discurso, formando novas organizações e recrutando elementos junto de determinadas franjas sociais a que normalmente não acediam num passado não muito distante”.