Os arguidos, com “idades compreendidas entre os 24 e os 58 anos, foram ontem [terça-feira] presentes a tribunal para primeiro interrogatório judicial, tendo-lhe sido aplicada a medida de prisão preventiva”, anunciou hoje, através de um comunicado, a Diretoria do Centro da PJ em Coimbra.
Os suspeitos, todos do sexo masculino, foram detidos em “território espanhol” e entregues às autoridades portuguesas, na quinta-feira, 08 de novembro, disse aos jornalistas o coordenador de investigação criminal Walter Constantino.
As detenções ocorreram na sequência da ‘operação LUSAR’, centrada no “combate ao tráfico de seres humanos para exploração laboral”, desencadeada em 16 de outubro deste ano, “em atuação conjunta e simultânea” da Diretoria do Centro da Judiciária e da Guardia Civil espanhola”.
Os alegados traficantes terão feito “algumas dezenas de vítimas”, normalmente “pessoas muito vulneráveis, muito frágeis”, que colocavam a trabalhar em Espanha, em regra na agricultura e em condições de “escravatura”, revelou o responsável da PJ.
As vítimas – quatro das quais foram libertadas recentemente –, oriundas essencialmente da Beira Baixa, sobretudo da região da Covilhã e de Belmonte (embora o grupo também atuasse noutras áreas do país, designadamente na zona de Coimbra), foram submetidas àquela situação durante períodos de tempo diversos, havendo pelo menos um caso que durou mais de uma década.
O primeiro indício da existência da rede surgiu em 2013, na sequência de denúncia de uma das vítimas que conseguiu fugir, adiantou a mesma fonte.
A Judiciária acredita que, com a detenção destes quatro suspeitos, foi desmantelado pelo menos o ‘núcleo duro’ da rede, que já possuía, em Espanha, um extenso terreno e barracões nos quais as vítimas trabalhavam ao domingo (nos restantes dias da semana trabalhavam na agricultura) para os adaptar designadamente a espaço de alojamento das vítimas.
Este “tráfico de pessoas puro e duro” tinha como alvo pessoas que “nunca tiveram apoio familiar” ou outro tipo de apoio e, por vezes, mesmo sem saberem ler e escrever.
Dois dos quatro suspeitos agora detidos foram vítimas de tráfico de seres humanos do próprio grupo e funcionavam como capatazes, referiu a mesma fonte.
Oriundos também do interior da região Centro, os suspeitos aguardam, em prisão preventiva, julgamento em Coimbra.
Mas “a investigação ainda não está concluída”, disse o responsável da PJ, referindo designadamente que “ainda há vítimas por identificar”.
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