“A Quercus foi alertada por apicultores da Serra do Caramulo de que a empresa Altri Florestal tinha remetido um aviso a referir que ia começar esta semana a pulverizar os seus eucaliptais com o pesticida EPIK, na União de Freguesias de São João do Monte e Mosteirinho, no concelho de Tondela”, lê-se numa nota de imprensa enviada à agência Lusa.
Os ambientalistas explicam que o “EPIK SL é um inseticida sistémico do grupo dos neonicotinóides, à base de acetamiprida e que atua por contacto e ingestão. Atua no sistema nervoso como antagonista do recetor nicotínico da acetilcolina e está homologado para aplicação em eucalipto, para controlar a praga do gorgulho do eucalipto (Gonipterus platensis). Também pretende pulverizar com o inseticida EPIK SG que é nocivo e perigoso para o ambiente”.
“Apesar de se referir que ambos os produtos comerciais são isentos de classificação para as abelhas, não constituindo perigo para estes insetos úteis quando usados nas doses e concentrações para os quais de encontram autorizados, existem receios de apicultores que tem apiários na zona, dado o risco de utilização de pesticidas neonicotinóides para a abelha melífera, assim como para outros polinizadores”, lê-se na nota de imprensa.
A Quercus recorda também que o “Plano de Ação Nacional para o controlo das populações de Gonipterus platensis apresentava um horizonte de atuação de quatro anos e meio (2011-2015), pelo que, atualmente, não existe um suporte regulamentar que justifique as pulverizações com pesticidas para controlo do gorgulho do eucalipto”.
“Por outro lado, além desta luta química, nos últimos anos as empresas de celulose avançaram com a luta biológica, utilizando um inseto parasitóide exótico para combater a praga do gorgulho do eucalipto, evitando assim os possíveis efeitos nefastos decorrentes do uso deste tipo de pesticida. A utilização de luta química para controlo de uma praga associada às monoculturas de eucalipto em áreas serranas, é reveladora da insustentabilidade da cultura nas condições existentes”, acrescenta.
Diz também a organização ambientalista que um estudo recente da Escola Superior Agrária de Coimbra demonstrou que a mortalidade nas abelhas é superior quando a aplicação deste inseticida é feita por contacto e que a expressão genética das abelhas era alterada, pela ausência de proteínas na zona que contém o inseticida (EPIK).
“No passado dia 27 de abril, a maioria dos Estados-Membros apoiou a proposta da Comissão Europeia de proibir, até ao final do ano, todas as utilizações ao ar livre de três outros pesticidas neonicotinóides causadores da mortalidade de abelhas. A Quercus apela à aplicação do princípio da precaução no sentido de não se efetuarem pulverizações com pesticidas, nomeadamente neonicotinóides em áreas florestais, onde existam apiários ou colmeias para produção de mel”, conclui.
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