O "anónimo" que em setembro de 2018 publicou um editorial de exceção no jornal norte-americano The New York Times, descrito na altura apenas como um "destacado responsável da Administração Trump", ganhou identidade e cargo: Miles Taylor, antigo elemento do Departamento de Segurança Interna.

Taylor assumiu ainda ser o autor do livro "A Warning", publicado em 2019 também sob anonimato.

As revelações foram feitas numa declaração publicada online na qual se assume republicano e como alguém que esperava que Donald Trump tivesse sucesso, sendo que na mesma nota, escrita após dois anos e meio a trabalhar em proximidade com o presidente na Casa Branca, Taylor refere Trump como alguém que "mostrou não ter carácter", cujos "defeitos resultaram em falhanços de liderança tão significantes que podem ser medidos em vidas perdidas".

Afirmando ter assistido à "inabilidade" do presidente para fazer o trabalho, diz que outros hesitaram por terem "medo de represálias".

O funcionário deixou o Departamento de Segurança Interna em junho de 2019 e tornou públicas as suas críticas a Trump num vídeo lançado antes do início da convenção nacional do Partido Republicano e no qual declarou que o presidente era "inapto" para o cargo e que apoiava Joe Biden às eleições do próximo dia 3 de novembro.

Apesar de ter trabalhado de forma próxima de Donald Trump, era um dos braços direitos de Kirstjen Nielsen, a terceira secretária de segurança interna, função que desempenhou durante mais de dois anos e que consistia, segundo o próprio, em, de forma discreta, trabalhar para "frustrar partes da sua agenda e as suas piores inclinações". Quando o presidente foi confrontado com o vídeo, afirmou no Twitter que "nunca ouvi falar dele [Miles Taylor]", rotulando-o, em caixa alta de "FUNCIONÁRIO DESCONHECIDO".

Miles Taylor deixou o governo norte-americano aquando da saída de Nielsen e passou a ser chefe de relações de segurança nacional da Google. Está há vários meses de licença e tem passado os últimos tempos a organizar outros republicanos descontentes para lutarem contra a reeleição de Trump.

No artigo publicado há dois anos, Taylor sublinhava que o maior desafio que Trump enfrenta é que “muitos funcionários seniores da sua Administração estão a trabalhar diligentemente, por dentro, para frustrar parte dos seus objetivos e das piores tendências”. O autor do texto esclarecia ainda que os seus esforços para anular algumas das iniciativas de Trump não partem de uma “resistência popular da esquerda”.

No texto referia-se que a raiz do problema da atual Administração norte-americana é a falta de moralidade do Presidente e sustenta-se que, apesar de ter sido eleito como representante do partido republicano, não defende as ideias dos conservadores, como a liberdade de pensamento ou a liberdade do mercado.

Na altura, Donald Trump reagiu imediatamente, classificando o texto como “cobarde” e criticando duramente a atitude do jornal nova-iorquino, enquanto a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, exigiu ao autor do texto que se “demita”.

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