O relógio do apocalipse, imaginado em 1947 para simbolizar a iminência de uma guerra nuclear, foi adiantado e agora marca 100 segundos antes da meia-noite, face ao risco do aquecimento global e da proliferação nuclear.

"Agora estamos a expressar em segundos e não em minutos o tempo que separa o mundo da catástrofe e do desastre", afirmou Rachel Bronson, presidente e diretora-executiva do Bulletin of Atomic Scientists, numa conferência de imprensa em Washington.

No ano passado, o relógio indicava dois minutos para a meia-noite.

Originalmente, após a Segunda Guerra Mundial, o relógio indicava sete minutos para a meia-noite. Em 1991, ao final da Guerra Fria, o ponteiro retrocedeu a 17 minutos para a meia-noite. Em 1953, assim como nos dois últimos anos, o relógio apontava 2 minutos para a meia-noite.

Sobre a questão nuclear, os investigadores assinalam o desmantelamento do mecanismo de controle internacional de armas, com a saída dos Estados Unidos e da Rússia do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), em 2019.  Os Estados Unidos liderados por Donald Trump ameaçam não renovar o acordo sobre armas nucleares estratégicas, assinado em 2010, após o prazo final, marcado para 2021.

"Este ano, podemos ser testemunhas de outros eventos além do colapso total do acordo nuclear iraniano", avaliou a especialista Sharon Squassoni.

Em relação à Coreia do Norte, as negociações diretas de Trump com Kim Jong Un ainda não deram frutos.

Os especialistas destacam ainda o fracasso das duas grandes cúpulas dedicadas ao clima, que não geraram os compromissos necessários dos principais países para reverter a curva de emissões de gases do efeito estufa.

O ano de 2019 foi o segundo ano mais quente registado e as mudanças climáticas manifestaram-se com recordes de calor, o derretimento do Ártico e os incêndios na Austrália.

"Se a humanidade está a tornar o clima o oposto da era do gelo, não temos nenhum motivo para acreditar que o mundo continuará a ser um lugar acolhedor para a civilização humana", adverte Sivan Kartha, do Stockholm Environmental Institute.