“Eu desejaria que PSD e CDS tivessem uma articulação superior ao que têm manifestado. Entristece-me a situação em que está o centro direita. O grande triunfador é António Costa”, afirmou Ribeiro e Castro, em declarações aos jornalistas na Universidade de Verão do PSD, na qual participou num debate sobre círculos uninominais com o politólogo Pedro Magalhães.
Para o antigo líder do CDS, à frente do partido entre 2005 e 2007, “seria interessante que as direções dos dois partidos” avaliassem a melhor forma de articulação, o que poderia passar por “listas conjuntas ou listas separadas”.
“Não noto que haja quem quer que seja que esteja preocupado com isso, só estão preocupados se vão ter mais ou menos votos que o vizinho”, disse.
Questionado sobre se a responsabilidade deste afastamento deve ser atribuída ao líder do PSD, Rui Rio, ou à do CDS-PP, Assunção Cristas, considerou que “a culpa é dos dois”, embora admita que os sociais-democratas possam estar mais “na defensiva”, com o surgimento de “um novo brinquedo”, referindo-se ao partido que Pedro Santana Lopes quer formar, a Aliança.
“É uma força nova, veremos se se constitui ou não, que apoio terá. Neste momento considero apenas uma intenção de uma pessoa que lidera. Não julgo que a formação de mais partidos aumente o potencial de crescimento [do centro-direita]”, apontou.
Para Ribeiro e Castro, o afastamento entre PSD e CDS-PP começou em 2015, quando a direção social-democrata de Pedro Passos Coelho questionou a legitimidade da formação do atual Governo, por o PS não ter sido o partido mais votado.
“Perturbou bastante o debate político, fez-nos perder tempo e aumentou as incompreensões”, disse, salientando que, já em 1979, o objetivo da Aliança Democrática (AD) era derrotar a maioria de esquerda.
“Ou as pessoas estão contentes com a ‘geringonça’ e têm tempo para medir tamanhos no alfaiate ou não queremos ter mais uma legislatura como esta e é tempo de ter formas de articulação política mais eficazes. Ou então caminharemos para uma derrota anunciada”, antecipou.
Durante o debate, também o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa Pedro Magalhães concordou com a legitimidade eleitoral do atual Governo, em resposta às perguntas de alguns alunos.
“O que se passou em 2015 é a democracia parlamentar a funcionar. Nenhum procedimento constitucional foi violado”, afirmou, considerando que a insistência de alguns setores políticos no discurso contrário “acabou por prejudicar quem andava a fazê-lo”.
Ribeiro e Castro expôs aos alunos o seu projeto de reforma eleitoral, que apresentou em janeiro inserido num grupo de cidadãos, e que se inspira no modelo alemão: um sistema misto entre círculos uninominais e plurinominais em que os eleitores votam simultaneamente num partido e num deputado (que pode ser de outra força política).
“Esta reforma eleitoral é a pedra filosofal do nosso regime político e traz-lhe o elixir da longa vida”, defendeu o ex-líder do CDS e antigo deputado em várias legislaturas, prevendo que a sua introdução levaria a abstenção a cair abaixo dos 30%.
Já Pedro Magalhães considerou que não há evidências que este modelo aumente o sentimento de representação por parte dos eleitores e prefere soluções que mexam pouco no sistema eleitoral.
Como alternativa, apontou o sistema finlandês, de voto preferencial, em que os eleitores só indicam o deputado do seu círculo que preferem, sendo a representação partidária contabilizada a partir daí, mas deixou também outra ideia que nem implica alterar o sistema eleitoral.
“Não percebo porque é que o tema do voto antecipado não entrou em Portugal como já entrou em muitos outros países (…). Está demonstrado que o voto antecipado, o facilitar o voto por correspondência, diminui a abstenção em cinco ou seis pontos, são centenas de milhares de pessoas”, salientou.
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