De um lote inicial de oito candidatos, estes dois foram aqueles que hoje recolheram mais votos, deixando para trás a secretária de Estado do Comércio, Penny Mordaunt, que a certa altura foi dada como favorita, mas cuja personalidade levantou reservas junto de colegas.
Na quinta volta de votações realizada hoje, Rishi Sunak recolheu 137 votos, Liz Truss teve 113 e Penny Mordaunt, 105.
A fase inicial do processo para reduzir o número de candidatos foi reservada aos 358 deputados do Partido Conservador, mas agora a escolha do vencedor caberá aos cerca de 200.000 membros do partido, que vão votar por correspondência.
O resultado final deverá ser anunciado a 5 de setembro, e o governo britânico poderá ser liderado por um homem não branco pela primeira vez na história, ou por uma mulher pela terceira vez.
Rishi Sunak, de 42 anos, cuja saída do governo no início de julho ajudou a precipitar a queda de Boris Johnson, liderou desde a primeira votação, apesar de ser pouco popular junto das bases do partido.
De acordo com uma sondagem do YouGov publicada na terça-feira, o ex-ministro das Finanças, criticado por resistir ao corte de impostos, seria amplamente derrotado na final, independentemente de quem enfrentasse.
Em contraste, Liz Truss, de 46 anos, que era vista como pouco convincente na semana passada, recuperou e ficou em melhor posição para beneficiar dos votos da candidata eliminada Kemi Badenoch, que, como ela, representa a ala direita dos Conservadores.
As manobras de bastidores têm evidenciado as fraturas dentro do partido, com vários ataques na imprensa direcionados a Penny Mordaunt, que surpreendeu ao segurar o segundo lugar nas votações até agora.
O deputado David Davis acusou o campo de Sunak de tentar "redistribuir" alguns dos votos a Liz Truss a fim de eliminar Mordaunt, que é vista como mais difícil de vencer.
"Esta é a campanha mais suja que já vi", disse Davis na rádio LBC.
Mordaunt, de 49 anos e praticamente desconhecida do público britânico até há 10 dias, foi apontada como a favorita numa sondagem da empresa YouGov na semana passada, mas foi descrita como pouco concentrada e pouco convincente em dois debates televisivos.
A campanha da antiga ministra da Defesa invoca representar a "mudança" enquanto os dois rivais, pesos pesados sob o comando de Johnson, são os candidatos da "continuidade".
A crise de confiança e as questões de integridade marcaram a campanha, com os candidatos a dizerem todos que querem virar a página sobre a era de Johnson, manchada por uma série de escândalos.
A revelação de que Johnson sabia de alegações anteriores contra Chris Pincher, um deputado conservador que renunciou ao cargo de vice-chefe do partido depois de supostamente apalpar dois homens num clube privado, esgotou a paciência e levou mais de 50 membros de governo a demitirem-se em protesto.
Os candidatos também debateram extensivamente sobre a forma como enfrentariam a crise do aumento custo de vida que está a estrangular as famílias britânicas, uma vez que a inflação acelerou ainda mais em junho, para 9,4 por cento.
Um debate entre os dois finalistas terá lugar na segunda-feira na BBC, em direto e diante de uma audiência de 80 a 100 pessoas a partir de Stoke-on-Trent, uma cidade no centro de Inglaterra que votou mais de 69% a favor de Brexit no referendo de 2016.
Nas próximas semanas esperam-se também uma série de comícios e debates dos candidatos junto dos militantes do partido por todo o país.
Boris Johnson demitiu-se do cargo de líder conservador, mas permanecerá no como primeiro-ministro até que o sucessor seja escolhido, o qual, enquanto chefe do partido com a maioria parlamentar, será convidado a formar governo sem a necessidade de eleições legislativas.
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