A Ryanair, companhia aérea low cost, está a ser acusada de impedir passageiros que solicitaram e receberam reembolsos durante a pandemia de embarcarem em novos voos… a não ser que devolvam o valor recebido.
A informação foi obtida através de uma investigação do MoneySavingExpert, que descobriu que está a ser exigido a vários clientes que procuraram reembolsos junto dos operadores de crédito para viagens que estavam impedidos de fazer — por exemplo, devido às restrições impostas pelos diversos Estados à circulação de pessoas.
O argumentário da companhia irlandesa é que os aviões da Ryanair continuaram a fazer grande parte das suas rotas, mesmo que a maioria das pessoas estivesse impedida de viajar pelas restrições impostas ou pelo país onde habitavam ou pelo país de destino.
Desde logo que a Ryanair se recusou a reembolsar os passageiros afetados que não puderam viajar, o que levou muitos a procurarem reembolsos junto das empresas de cartão de crédito, em particular da American Express.
Ao MoneySavingExpert, a Ryanair diz que sempre foi uma companhia aérea "sem reembolso", defendendo que os seus termos e condições legitimam a posição.
"Os voos da Ryanair que operam conforme o programado não são reembolsáveis — isso está claramente descrito nos termos e condições da Ryanair acordados pelo cliente no momento da reserva. É declarado que podemos recusar-nos a transportá-lo se o cliente nos dever algum dinheiro em relação a um voo anterior, devido ao pagamento ter sido desonrado, negado ou cobrado por outro", disse um porta-voz da Ryanair.
Na investigação são contadas três histórias de passageiros que fizeram novas reservas com a Ryanair para viajar este ano, depois de terem sido reembolsados por voos passados que estavam impedidos de fazer, tendo sido informados pela companhia aérea de que só poderão embarcar caso procedam à devolução do valor. Um destes passageiros recebeu o aviso a horas do voo. A outro foi pedida a quantia de 600 libras (cerca de 706 euros) para embarcar num voo.
A companhia ofereceu-se para devolver o dinheiro destes voos, de 2021, caso os passageiros não procedessem à devolução do dinheiro em causa, mas isso não diminui o transtorno causado, uma vez que muitas destas viagens foram marcadas em contexto de férias e envolvem a marcação de alojamentos, por exemplo.
Na semana passada, a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido desistiu, sem ações, a investigação que visava saber se a British Airways e a Ryanair infringiram a lei ao não oferecer reembolso aos clientes que não puderam viajar legalmente por causa de restrições. À época, foi dito que as companhias aéreas deveriam ter devolvido o dinheiro.
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