"É muito gratificante ver esta candidatura aprovada. É o reconhecimento da sua qualidade e a demonstração de que quando se definem objetivos, se reúnem saberes, se trabalha muito, muitas vezes os resultados são positivos, como foi este caso”, afirmou Hélder Esménio, que se deslocou a Adis Abeba, na Etiópia, onde decorre a 11ª reunião do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO.
Acompanhado pelo presidente substituto da Comissão Nacional da UNESCO, Jorge Lobo de Mesquita, e pela técnica superior de História do município, Patrícia Leite, Hélder Esménio deu a conhecer, às várias delegações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), alguns utensílios de falcoaria, como uma luva de falcoeiro e três caparões, afirma uma nota da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos.
Para o autarca, a certificação pela UNESCO constitui “mais uma oportunidade para promover o país, o Ribatejo e, em particular, o concelho de Salvaterra de Magos, tornando-o num apetecível destino turístico, onde a falcoaria se alia à natureza e ao rio Tejo, permitindo ainda o desenvolvimento de atividades que reforcem a identificação da população local com a sua história e com o seu património material e imaterial, mantendo viva esta prática milenar que é a caça com falcão e que em Salvaterra tem já séculos de existência”.
A candidatura “Falcoaria. Património Humano Vivo” foi liderada pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, “devido à autenticidade que o edifício da Falcoaria Real confere ao concelho”, em parceria com a Universidade de Évora e a Associação Portuguesa de Falcoaria (APF), contando ainda com o apoio e colaboração da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERT-AR).
“A falcoaria, enquanto forma de caça, compreende a parceria entre homem e ave de presa para a captura de um animal selvagem no seu habitat natural, tratando-se de uma forma de caça ecológica, de baixo rendimento, que apela à comunhão com a natureza, procura a estética do lance de caça e cuja prática, a nível nacional, detém características únicas que mereciam o reconhecimento da UNESCO”, afirma a nota do município.
O presidente da ERT-AR, António Ceia da Silva, sublinhou que “a identidade é um valor determinante na diferenciação e certificação de um destino, logo o título agora conquistado pela falcoaria em Portugal vem reforçar, junto dos mercados turísticos, a singularidade e diversidade do Ribatejo”.
Para Pedro Afonso, presidente da Associação Portuguesa de Falcoaria (APF), “a inscrição da falcoaria portuguesa junto da UNESCO representa uma clara demonstração da importância e relevância desta forma de caça num mundo onde as práticas tradicionais se encontram fortemente ameaçadas pela pressão crescente da globalização”.
“Este é, não apenas um momento histórico para a falcoaria em Portugal, mas também uma oportunidade importante para a construção de medidas de melhoria a nível nacional”, afirmou, apelando “a uma reflexão sobre o trabalho que há a fazer para a promoção e desenvolvimento responsável da prática em Portugal”.
Filipe Themudo Barata, professor da Universidade de Évora, declarou, por seu turno, ser “muito agradável chegar ao fim de um projeto de equipa bem-sucedido, quando ele foi por todos reconhecido”.
A Falcoaria Real, mandada construir no século XVIII por D. José I e classificada como Imóvel de Interesse Público em 1953, considerada um “património ímpar no país e um dos únicos na Europa”, foi adquirida pelo município na década de 1980 e, depois de obras de requalificação, abriu ao público como “museu vivo” em 2009, tendo a marca Capital Nacional da Falcoaria sido registada pela Câmara de Salvaterra de Magos em 2014.
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