Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, hoje divulgada, o novo provedor da Santa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, indica que aquela instituição vai alocar às vítimas “as receitas que correspondem à Santa Casa nos jogos sociais do Estado, na semana que antecede o Natal”, entre 17 e 23 de dezembro, quando se regista “particular intensidade” em apostas.
Em causa está uma percentagem que ronda os 27% sobre as receitas dos jogos para a Santa Casa, “valor que andará entre os quatro e os seis milhões de euros”, de acordo com o responsável.
“Pareceu-nos um momento oportuno para dizer que nós estamos todos solidários com aquelas pessoas e que estamos disponíveis para encontrar recursos, para além daqueles que possam ser encontrados por outras vias”, acrescentou o provedor, apelando a que as pessoas joguem porque, além de um prémio, podem ajudar os “concidadãos que estão a passar por estas dificuldades”.
Ainda assim, admitiu que a medida obrigará a ajustes na Santa Casa: “Do nosso lado há aqui o abdicar de uma parte substancial dos nossos recursos, o que nos obrigará seguramente a fazer alguma adaptação orçamental, mas isso é o que menos importa”.
“Queremos que, com isto, as pessoas possam aderir, se o entenderem obviamente, e chamar para este esforço outras entidades”, vincou.
Por isso, “vamos incentivar todas as entidades que conseguirmos, e vamos fazer um grande esforço para isso, a contribuírem para um grande fundo que permita apoiar as populações destes concelhos afetados”, adiantou.
Edmundo Martinho apontou ainda que, nesta época de incêndios, a Santa Casa de Lisboa disponibilizou meios para a proteção daquelas populações e financiou diretamente algumas reabilitações casas, tendo ainda disponibilizado viaturas aos Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social, da Justiça e da Agricultura para que os técnicos “se deslocassem junto das pessoas nas aldeias mais perdidas onde eventualmente não havia comunicações, onde havia até dificuldade de meios de transporte”.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta foi a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos.
Entretanto, registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo e de uma outra que estava internada em Coimbra há mais de cinco meses.
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