O porta-voz do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), comandante Pedro Coelho Dias, afirmou que a equipa que vai partir ao início da madrugada de sábado é constituída por seis mergulhadores e dois fuzileiros que vão operar drones.
O navio da Marinha portuguesa "Zaire", que se encontra em missão em São Tomé e Príncipe, com uma guarnição constituída por militares portugueses e são-tomenses, navegou de imediato para o local do naufrágio, ocorrido na madrugada de quinta-feira, e tem estado a participar nas operações.
“O navio 'Zaire' permaneceu desde quinta-feira a fazer buscas em torno da embarcação. A embarcação está virada ao contrário, capotada e hoje de manhã foi encontrada mais uma pessoa sem vida, o que aumentou para oito o número de mortos, permanecendo nove desaparecidos, segundo os números que as autoridades são-tomenses nos dão”, disse.
O comandante Coelho Dias explicou que a embarcação afundada está agora encalhada junto ao ilhéu da Tinhosa Grande.
“Devido à ondulação e corrente, o navio foi alterando a sua posição e encalhou a sul do Príncipe, numa zona rochosa de ilhéus, no ilhéu da Tinhosa Grande, e a embarcação está agora numa posição fixa. O navio 'Zaire' vai a São Tomé ao princípio da manhã de sábado para recolher oito militares da Marinha portuguesa: seis são mergulhadores com valências na área do resgate e trabalhos subaquáticos, e dois fuzileiros que vão operar drones”, frisou.
Esta equipa vai partir depois para o local onde está o navio afundado, a bordo do "Zaire", e que espera conseguir efetuar, pelo menos, um primeiro mergulho ainda na tarde de sábado, para analisar as condições de acesso à embarcação.
“Vão fazer mergulhos de verificação e tentar entrar na embarcação para ver se algumas pessoas estão lá presas. É uma operação de risco, pois os mergulhadores vão entrar num navio com muitos objetos soltos, muitos cabos, não sabem bem o que vão encontrar”, explicou, referindo que a prioridade é encontrar os desaparecidos.
Em relação ao facto de ter sido relatado que duas das pessoas desaparecidas são portuguesas, o porta-voz do EMGFA explicou que a informação ainda não está confirmada.
A Lusa contactou o gabinete do secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, que se escusou a comentar.
Confirmado está já, pelas autoridades do Príncipe, o facto de um dos desaparecidos ser um cidadão francês.
O navio “Amfitriti”, que fazia a ligação entre as ilhas de São Tomé e do Príncipe, uma viagem que dura entre seis e oito horas, zarpou do porto de São Tomé na noite de quarta-feira com destino à cidade de Santo António e naufragou já perto da ilha do Príncipe, na madrugada de quinta-feira.
A bordo viajavam 64 passageiros e oito tripulantes e o navio transportava 212 toneladas de carga.
Segundo as autoridades locais, o acidente causou oito mortos – quatro crianças e quatro adultos – e nove desaparecidos. Cinquenta e cinco pessoas foram resgatadas com vida, três das quais foram transportadas para a ilha de São Tomé por apresentarem ferimentos graves.
O presidente do governo regional do Príncipe, José Cassandra, afirmou na quinta-feira haver registos de três passageiros estrangeiros – duas portuguesas e um francês -, mas essa informação ainda não foi confirmada.
O primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, anunciou a abertura imediata de um inquérito para “se apurarem as causas deste trágico acidente e assacar as eventuais responsabilidades”.
A empresa Oca Logistics, que gere o navio "Amfitriti", disse estar a trabalhar "na busca de pessoas desaparecidas e na prevenção da eventual poluição".
"Neste momento concentramos os esforços na busca de pessoas desaparecidas e na prevenção da eventual poluição", refere um comunicado assinado pelo gerente da Oca Logistics, Jean Philippe.
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