A decisão foi tomada na segunda-feira à noite após a Justiça serra-leonesa ter rejeitado um pedido nesse sentido e depois de, no sábado, o Tribunal Superior da Serra Leoa ter ordenado à NEC a suspensão dos preparativos da segunda volta.
“Devido aos atrasos logísticos devido ao recurso pendente, a votação não poderá realizar-se a 27 de março [hoje] como previsto”, indicou a NEC, que convocou os cerca de 3,1 milhões de eleitores a comparecer nas urnas a 31 deste mês.
Na corrida estão Samura Kamara, ligado ao Presidente cessante, Ernest Bai Koroma, e o antigo general Julius Maada Bio, apoiado pela oposição, os dois candidatos mais votados na primeira volta e que, para o segundo turno, realizaram uma campanha “tensa” num dos países mais pobres da África Ocidental e gangrenado pela corrupção.
Ibrahim Sorie Koroma, membro do governamental Congresso de Todo o Povo (APC, na sigla em inglês), apresentou um requerimento, a título pessoal, solicitando a interdição da segunda volta por considerar necessário investigar as acusações de fraude eleitoral antes de continuar o processo, incluindo uma recontagem de votos em que se incluam os considerados nulos.
A primeira volta das eleições realizou-se a 07 deste mês e o candidato da principal força da oposição, o Partido Popular da Serra Leoa (SLPP), Julius Maada Bio, obteve 43,3% dos votos, ficando à frente do escolhido pelo APC, Samura Kamara, que conseguiu 42,7%.
As missões de observação eleitoral internacionais, nomeadamente a da União Europeia (UE), consideraram “livres e justas” as eleições de 07 deste mês que, além das presidenciais, juntou também as legislativas e locais, marcadas por uma taxa de participação de cerca de 84%.
Na ausência de sondagens credíveis, todos os prognósticos serão especulação, salientaram analistas locais.
Na legislativas, o APC renovou a maioria absoluta no Parlamento, pelo que uma vitória de Julius Maada Bio criará uma inédita coabitação no país.
A Serra Leoa foi palco de uma violenta guerra civil (1991/2002), que provocou cerca de 120 mil mortos.
Quando recuperava economicamente dos 11 anos de conflito, a Serra Leoa viu-se confrontada com uma epidemia de Ébola (2014/16) e com a queda dos preços internacionais das matérias-primas, que voltou a fragilizar a respetiva economia, já de si minada pela corrupção.
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