De acordo com o relatório anual do Fórum Económico Mundial, o progresso no caminho para a igualdade de género está a diminuir: à taxa atual, serão precisos 108 anos para acabar com a lacuna existente a nível global entre homens e mulheres, que é, atualmente, de 68%.

O índice de igualdade de género, que foi publicado pela primeira vez em 2006 com o propósito de medir a disparidade de género a vários níveis em vários países, funciona através da análise de quatro pontos: participação económica, educação, saúde e sobrevivência e poder político.

Este ano, foram incluídos no relatório mais cinco países: República Democrática do Congo, Iraque, Omã, Serra Leoa e Togo. No total, são 149 os países presentes no relatório.

Muitos países, pouco progresso

Desde 2006, a diferença geral entre géneros foi reduzida em 3,6%. No entanto, em 2018 essa redução foi de apenas 0,03%, o que, segundo revela o relatório, representa um "progresso extremamente lento".

Dos países analisados em 2017, pelo menos 89 fizeram avanços na luta pela igualdade de género. 55 recuaram.

De acordo com o relatório, "embora o progresso continue a um ritmo muito lento, o facto de a maioria dos países se estarem a mover em direção a uma maior paridade de género é encorajador e recompensa os esforços de todos os formuladores de políticas e profissionais, que lutam para alcançar o quinto objetivo do desenvolvimento sustentável da ONU: a igualdade de género".

O top ten dos países com menor índice de desigualdade

Até hoje, nenhum país alcançou a igualdade de género. Apenas sete países do ranking taparam a lacuna existente entre géneros em 80%. Destes, quatro são países nórdicos, um é da América Latina, um da África Subsariana e dois da Ásia e do Pacífico. O top ten é completado pela Irlanda e Namíbia.

créditos: Fórum Económico Mundial

A Islândia encabeça o índice pelo décimo ano consecutivo, ao terminar com mais de 85% da diferença entre géneros. Seguem-se mais três países nórdicos: Noruega, Suécia e Finlândia, que ocupam, respetivamente, o segundo, terceiro e quarto lugar.

Este ano, a Namíbia estreia-se no top 10 (em décimo lugar), sendo o segundo país da África Subsariana presente neste ranking, depois da Ruanda (em sexto lugar). Em 2006, a Namíbia encontrava-se em 38.º lugar, tendo melhorado mais de 10% e encerrado mais de 79% da discrepância existente entre homens e mulheres. A questão da saúde e sobrevivência está resolvida desde 2013 e ocupa o quinto lugar no que diz respeito ao poder político, com um aumento do número de mulheres no parlamento.

Destaque também para Nicarágua, que ocupa este ano o quinto lugar, deixando a 62.ª posição que ocupava em 2006. Pelo sétimo ano consecutivo, tem a menor diferença de género na América Latina.

Oportunidades económicas

A diferença entre géneros no que diz respeito às oportunidades económicas é a que levará mais tempo a dissipar-se por completo: segundo o relatório do Fórum Económico Mundial, serão precisos 202 anos para homens e mulheres terem oportunidades iguais. As mulheres continuam a ser negligenciadas no que toca a altos cargos de gerência e oficiais. Segundo os dados disponíveis, apenas um terço (34%) dos gerentes a nível global são mulheres.

Há também um fosso entre os profissionais da chamada "quarta revolução": apenas 23% dos trabalhadores da área de Inteligência Artificial são mulheres, em comparação com os homens, que assumem 77% dos postos.

Poder político

Para que as desigualdades a nível de acesso a cargos políticos sejam combatidas na totalidade serão precisos 107 anos.

Apenas 18% dos ministros em todo o mundo são mulheres. Em seis dos 149 países presentes relatório não há nenhuma mulher com um cargo político.

No entanto, o relatório do Fórum Económico Mundial aponta que "a maioria das mulheres em cargos de chefia de estado foi eleita na última década. No entanto, há apenas 17 mulheres como chefes de Estado ou primeiras-ministras nos 149 países em 2018, incluindo a primeira-ministra da Roménia, que foi eleita este ano".

Educação, Saúde e Sobrevivência

As boas notícias existem: as diferenças de género em termos de educação são, de acordo com o relatório, de 5% e precisam de 14 anos para serem colmatadas de vez.

Já a lacuna existente a nível de acesso à saúde entre homens e mulheres está, segundo o relatório, "praticamente resolvida na maioria dos países".