“O Serviço de Segurança documentou as atividades criminosas do oligarca russo Mikhail Fridman, que está envolvido no financiamento da guerra contra a Ucrânia. Desde o início da invasão em grande escala da Rússia, ele ‘despejou’ cerca de dois mil milhões de rublos [19 milhões de euros ao câmbio atual] em várias fábricas militares no país agressor”, segundo um relatório consultado pela Ukrinform.

Entre elas está a Fábrica de Munições de Tula, que produz cartuchos, bem como a Yalamov Ural, que fabrica equipamentos de alta tecnologia para aviões de guerra e helicópteros russos.

“Para financiar os ‘projetos’ agressivos do Kremlin, o oligarca utiliza os ativos do consórcio financeiro e de investimento russo Alfa-Group sob o seu controlo”, afirma o relatório

Também utilizou os seus próprios recursos comerciais para distribuição em massa de rações secas, uniformes e outros produtos sob a marca registada “Exército da Rússia”, fornecidos às tropas russas nas linhas da frente.

Fridman criou, prosseguiu o documento, uma angariação de fundos para reunir material e assistência técnica para as necessidades das tropas russas que lutam na Ucrânia, além de empresas do oligarca terem assumido o seguro do equipamento militar, bem como da vida e da saúde dos militares que lutam na frente.

De acordo com o relatório, o oligarca russo garantiu ainda a cooperação da sua empresa de telecomunicações com o FSB [Serviço Federal de Segurança da Rússia], o que permitiu fornecer rede móvel sob o controlo do serviço de segurança nas regiões capturadas da Ucrânia.

Com base nas provas obtidas, os investigadores da SBU notificaram Fridman da suspeita nos termos do art. 110-2 Parte 3 do Código Penal da Ucrânia (financiamento de ações cometidas com o propósito de mudança violenta ou derrube da ordem constitucional ou tomada do poder estatal, alteração da fronteira estatal da Ucrânia, cometidas por um grupo de pessoas em conspiração).

Segundo o jornal Financial Times, Fridman (nascido em Lviv, na Ucrânia, quando a cidade pertencia à União Soviética e se estabeleceu depois em Moscovo), vive atualmente em Londres, mas desconhece-se se terá recebido a notificação dos crimes que lhe são imputados e que podem ser punidos até oito anos de prisão e apreensão de bens.

Em agosto, noticiou o Ukrinform, o Gabinete Estatal de Investigação, em cooperação com o Serviço de Informações, acusou outro oligarca russo, o presidente do clube de futebol CSKA, Yevgeny Giner, que construiu duas centrais térmicas na Crimeia, ilegalmente anexada pela Rússia em 2014, e forneceu munições ao Exército russo.