Em comunicado, o sindicato indicou que “tem vindo a denunciar a abusiva e ilegal política de mobilização de médicos” para Reguengos de Monsaraz, “decidida e executada” pelo presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo.
“Nunca esteve em causa a recusa de qualquer médico à prestação de cuidados a doentes”, garantiu o SMZS, manifestando-se contra “a forma desrespeitosa” como os clínicos “foram tratados e as atitudes autoritárias e sem fundamento a que têm sido sujeitos”.
O concelho de Reguengos de Monsaraz regista o maior surto no Alentejo da doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, depois de ter sido detetado, em 18 de junho, no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS).
Na sequência deste surto, segundo a mais recente atualização do boletim epidemiológico, divulgada hoje pelo município, mas com dados até domingo, este concelho do distrito de Évora regista 17 mortes, 90 casos ativos e 55 curados.
O SMZS advertiu que este surto “veio agravar” a falta de clínicos no Alentejo, por estarem a “obrigar a deslocar médicos de família para prestar cuidados aos utentes do lar” e, assim, deixar “a descoberto os utentes dos centros de saúde”.
Mas, segundo o sindicato, as condições existentes no pavilhão do parque de freiras da cidade para onde o idosos com covid-19 foram transferidos “não garantem nem a segurança dos utentes do lar, nem a dos médicos mobilizados para lhes prestar assistência”.
“São colocados mais de 50 doentes a cargo de apenas um médico de família, que frequentemente não tem qualquer apoio de especialidade hospitalar, ao contrário do preconizado em despacho emitido pela ARS do Alentejo”, adiantou.
Para o SMZS, “a ARS do Alentejo terá de assumir publicamente as suas responsabilidades, por condicionar o acesso dos utentes aos seus médicos de família e ter dado prioridade aos utentes do lar de Reguengos de Monsaraz, uma instituição que não pertence ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
O sindicato acrescentou que o organismo terá também de “responder pelo tipo de assistência médica prestada aos doentes do lar de Reguengos de Monsaraz”, a qual “passou a ser da exclusiva responsabilidade do presidente da ARS do Alentejo”.
Por outro lado, o SMZS afirmou que o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) “decidiu, unilateralmente, deslocar médicos de várias especialidades para prestar cuidados a doentes com covid-19″, considerando que a medida “tem consequências” na qualidade dos cuidados prestados aos doentes com patologias crónicas e que não têm covid-19.
O conselho de administração do HESE, defendeu, “terá de ser responsabilizado pelas faltas de assistência que estes doentes venham a sofrer, bem como por eventuais erros médicos decorrentes da prática não especializada relativamente a doentes covid-19″.
No comunicado, o SMZS questionou “a legalidade da mobilização de médicos feita por administradores politicamente nomeados sem a adequada fundamentação e sem que a autoridade de saúde regional se tenha pronunciado” e assegurou que “vai apoiar os seus associados no decorrer da ação judicial levada a cabo pelo Ministério Público”.
Portugal contabiliza pelo menos 1.689 mortos associados à covid-19 em 48.636 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
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