Falando na abertura do XXI congresso do sindicato, em Lisboa, dedicado ao tráfico de seres humanos, Acácio Pereira classificou o crime como “um terrível flagelo global”, e alertou para a necessidade de mais inspetores para o combater e uma mudança de mentalidade, já que é “um crime silenciado”.
“É um dever social denunciar o tráfico de seres humanos”, disse o inspetor, alertando para o facto de Portugal ser uma “placa giratória” para o tráfico de crianças e adolescentes africanas para exploração e escravatura laboral e sexual na França e em Alemanha.
Segundo o Grupo de Peritos em Ação contra o Tráfico de Seres Humanos (GRETA), Portugal é um dos países com mais desaparecimentos de crianças e onde o tráfico de pessoas mais tem crescido.
O relatório indica que é também um dos países em que a exploração laboral supera o tráfico sexual.
Os meios humanos do SEF não são suficientes para as suas multitarefas e é necessário reforçá-los, referiu Acádio Pereira, acrescentando que o serviço está condicionado nomeadamente na investigação criminal e controlo de fronteiras.
Apesar de criticar a falta de recursos humanos no SEF, o sindicalista reconheceu que, “pela primeira vez em muitos anos”, há, da parte do ministro da Administração Interna “uma visão estratégica para o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras”, esperando que “essa visão seja passada das palavras aos atos”.
Em 2017/18 tomaram posse 90 novos inspetores, estão em fase de preparação mais 45 e foi aberto em concurso externo para mais cem.
No entanto, “face ao crescimento da atividade do SEF, estes números não são suficientes”, criticou.
O ministro da Administração Interna, na abertura do congresso, reconheceu o trabalho realizado pelo SEF, lembrou que entraram 130 novos inspetores e que o serviço terá “o maior reforço de meios humanos entre 2017/19”, em termos comparativos.
Eduardo Cabrita recordou o desbloqueamento de carreiras, “que beneficiará 90% dos inspetores”, e falou das cerca de 800 ações de fiscalização do SEF realizadas no primeiro trimestre.
O ministro salientou ainda que Portugal necessita de migrantes para a competitividade da sua economia.
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