Numa nota à comunicação social, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (Site-Norte) e a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Química, Farmacêutica, Elétrica, Energia e Minas (Fiequimetal) defenderam que as “declarações cínicas e fingidas de António Costa merecem ‘cartão vermelho’ nas urnas”, no próximo domingo.
No passado domingo, durante uma ação de campanha para as eleições autárquicas, em Matosinhos, António Costa, na qualidade de secretário-geral do PS, afirmou que “era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade” como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma “lição exemplar” à empresa.
Para os representantes dos trabalhadores, “António Costa recorreu a uma encenação absolutamente vergonhosa, ao fazer passar-se por defensor de cerca de 6.000 trabalhadores, vítimas de um crime económico que tem como principais protagonistas o primeiro-ministro, o seu ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e o seu secretário de Estado da Energia, João Galamba”.
As duas estruturas lembraram que “por várias vezes”, o Governo afirmou publicamente que a refinaria de Matosinhos era um “inimigo do meio ambiente” e que esteve “em total sintonia com a administração da Galp e a família Amorim, no percurso traçado para encerrar uma unidade industrial de referência e estratégica para a economia nacional”.
Os sindicatos acusaram ainda António Costa de, “agora, no papel de secretário-geral do PS”, “fazer de conta que é forte com os poderosos”, enquanto que, desde que começou a luta dos trabalhadores contra o encerramento do parque petroquímico, as “organizações viram sempre o Governo do outro lado da barricada”.
“A verdade é que [António Costa] planeou com esses poderosos o encerramento da refinaria e ajudou-os a concretizar este objetivo”, acusaram os representantes dos trabalhadores.
“O Site-Norte e a Fiequimetal condenam veemente esta atitude suja e vergonhosa, e apelam aos trabalhadores e à população de Matosinhos para que, no próximo dia 26, levem a sua luta e a sua indignação até ao voto e mostrem um cartão vermelho ao Governo, ao PS e às suas candidaturas”, apelaram.
A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos em 30 de abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines.
A petrolífera justificou a “decisão complexa” de encerramento da refinaria com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações.
O encerramento da refinaria de Matosinhos, em abril, representa perdas de 5% do PIB em Matosinhos e de 1% na Área Metropolitana do Porto, segundo um estudo socioeconómico a que a Lusa teve acesso.
O estudo, encomendado pela Câmara Municipal de Matosinhos à Universidade do Porto para avaliar os impactos socioeconómicos do fecho do complexo petroquímico no concelho, traça um “cenário particularmente grave” para a região Norte e para o país, caso não seja dado qualquer destino àquela instalação industrial.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
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