"É um momento triste na história do PS porque ver partir, por abandono, um anterior secretário-geral é qualquer coisa que a mim, pessoalmente, me dá uma grande tristeza. Agora, há também questões de natureza, que têm que ver com os princípios da ética republicana, que têm de ser consideradas nesta matéria", afirmou o ex-ministro da Cultura do atual Governo.
O filho do histórico socialista e antigo Presidente da República Mário Soares citou declarações de outro fundador do PS, António Arnaut, que afirmou que Sócrates tomou agora uma atitude "que já devia ter tomado, em face da gravidade das acusações e das críticas severas que lhe são feitas".
"Tem de se respeitar a posição de José Sócrates que, aliás, insisto, não foi tratado com a dignidade devida enquanto arguido e, agora, enquanto acusado", afirmou ainda João Soares, recordando que nunca foi apoiante do antigo líder socialista e, por isso, está "particularmente à vontade".
Num artigo publicado hoje no Jornal de Notícias, José Sócrates disse que a sua saída do PS visa acabar com um "embaraço mútuo", após críticas da direção que, na sua opinião, ultrapassam os limites do aceitável.
"Que eu saiba, não há nenhuma posição sobre esta matéria da direção atual do PS nem houve nunca porque o PS, desde que o atual secretário-geral foi eleito, separou e bem, sempre, as questões de natureza judicial e jurídica das questões de natureza política", declarou ainda o antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
José Sócrates, 60 anos, é o principal arguido na Operação Marquês, em que está acusado de vários crimes económico-financeiros, incluindo corrupção e branqueamento de capitais.
No âmbito da investigação, esteve preso preventivamente durante 288 dias, entre novembro de 2014 e setembro de 2015.
Sócrates aderiu ao PS em 1981, e foi secretário-geral do partido entre 25 de setembro de 2004 e 06 de junho de 2011.
Em 2005, obteve a primeira maioria absoluta do PS em eleições legislativas e foi primeiro-ministro até 2011, depois de o seu Governo ter pedido ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.
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