A associação não-governamental considerou a nova ponte “um equipamento de relevo, capaz de projetar o concelho de Arouca e o rio Paiva em todo o mundo e atrair muitos milhares de turistas à região”, mas acentua que devem ser tidos em conta o aumento da “pressão humana” nesta zona e a poluição.
Em comunicado hoje enviado à agência Lusa, a SOS Rio Paiva sensibiliza as autoridades para que imponham restrições no acesso à ponte suspensa, construída na Garganta do Paiva, em Arouca, e aos Passadiços do Paiva, para preservar esta área protegida e “para que não se repitam os graves problemas que surgiram após a abertura dos Passadiços do Paiva, em 2015, devido ao excessivo fluxo de turistas”.
“A SOS Rio Paiva apela para uma redução do número máximo de acesso de pessoas aos equipamentos construídos, para minimizar a pressão no rio e melhorar a experiência de quem procura um turismo de natureza sustentável”, preconiza a associação de promoção do ambiente.
A associação de defesa do Vale do Paiva frisa que agora que a nova ponte foi inaugurada, “é fundamental não esquecer que o verão de 2020 foi dos mais negros no que diz respeito à poluição do Rio Paiva”, devido às descargas poluentes com origem nos concelhos a montante.
Na mesma nota, é referido que as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), nomeadamente em Vila Nova de Paiva e Castro Daire, “continuam a ser um dos principais focos de poluição deste que já foi conhecido como o rio mais limpo da Europa, e que agora tem as suas praias naturais interditas à prática balnear”.
Por outro lado, a SOS Rio Paiva defende que a entrada em funcionamento da nova ETAR em Castro Daire, “que custou cerca de seis milhões” de euros, deve ser “uma prioridade”.
A organização ambiental sublinha ainda o receio de que “o mediatismo” dos Passadiços do Paiva e da nova ponte leve ao aumento de novas construções de apoio ao turismo numa zona protegida.
A SOS Rio Paiva apela “às autoridades locais e nacionais para que façam cumprir os planos de conservação deste espaço da Rede Natura 2000, que identificaram a construção de infraestruturas e o desenvolvimento turístico como ameaças à conservação de habitats, restringindo a construção de novas infraestruturas de lazer e de equipamentos turísticos, como bares, alojamentos e restaurantes”.
No mesmo comunicado, a associação lamenta que o Rio Paiva não tenha sido incluído na linha de financiamento, com uma dotação de 50 milhões de euros, para recuperar rios e margens, no âmbito do programa Assistência para a Coesão e os Territórios da Europa (REACT-EU).
A organização salienta a “necessidade de intervenção urgente na recuperação da galeria ripícola e reconversão das margens, atualmente cobertas de plantações de eucalipto e invasoras, que impedem a sobrevivência de espécies e nada contribuem para a valorização paisagística, além de potenciar os riscos de incêndio”.
“O aumento da pressão turística vai aumentar estes problemas, pelo que se espera que o investimento no turismo seja acompanhado de medidas de compensação para garantir o equilíbrio e a conservação desta área natural no futuro”, vinca a SOS Rio Paiva.
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