A reação do vocalista de 70 anos surge depois de "Livin’ on the Edge" ter ecoado num comício de Donald Trump, na passada terça-feira, 21 de agosto, em Charleston, no estado de Virgínia Ocidental.
Os advogados de Steven Tyler enviaram uma carta para o gabinete da Casa Branca, ordenando que o presidente norte-americano pare de utilizar as canções dos Aerosmith nas suas atividades políticas. O documento, citado pelo 'The Guardian', indica que "o sr. Trump está a criar a falsa impressão de que o nosso cliente deu o seu consentimento para a utilização da sua música, ou sequer que apoia a presidência do sr. Trump."
Na carta pode ler-se ainda que "o sr. Trump não tem qualquer direito a usar o nome, imagem, voz ou parecença do nosso cliente, sem o seu consentimento expresso escrito", justificando que a utilização da canção provocou uma "confusão" que pode ser registada "nas reações dos fãs do nosso cliente nas redes sociais".
De forma a acalmar os ânimos, Tyler comunicou na rede social Twitter que "isto não é sobre Dems [Democratas] vs Repub [Republicanos]", e acrescenta que não deixa ninguém usar as suas canções "sem permissão": "A minha música é para causas e não campanhas políticas ou comícios. Proteger compositores é algo que tenho defendido até antes de a atual administração tomar posse... 'Não' é uma frase completa".
Esta não é a primeira vez que Tyler visa Trump pela utilização indevida da música da banda de Boston. Em 2015, "Dream On" foi tocada durante a campanha eleitoral de Trump, o que também foi merecedor de uma carta a intimar para a violação de direitos de autor. O na altura candidato à Casa Branca retirou os vídeos em que se ouvia a canção, mas não sem mandar algumas alfinetadas ao vocalista, dizendo que tinha "uma melhor para a substituir" e que Tyler "teve mais publicidade pelo seu pedido do que nos últimos 10 anos. Bom para ele!"
Esta é só mais uma atribulação numa semana difícil para Donald Trump, que viu Paul Manafort, seu ex-diretor de campanha, condenado por fraude bancária e fiscal, e Michael Cohen, seu antigo advogado, julgado por cinco crimes de fraude fiscal entre 2012 e 2016, um de fraude bancária e dois delitos de violação da lei de financiamento de campanhas eleitorais.
A seleção musical do atual presidente dos Estados Unidos da América tem sido contestada por vários dos seus autores nos últimos anos. Neil Young, Elton John, Adele ou os Rolling Stones foram alguns dos artistas que se distanciaram de Trump e pediram expressamente para que deixasse de usar as suas músicas nos seus comícios.
[Notícia corrigida às 20:29 — retifica, no último parágrafo, a expressão "propósitos suíços", que se lia, por lapso, numa versão anterior deste texto, por "comícios"]
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