A população presente no salão da Câmara de Santarém decidiu manter a tradição de realizar a festa de quatro em quatro anos e, após ser apresentado o seu nome para a função de mordomo, Mário Formiga foi aclamado, afirmando depois à agência Lusa ter aceitado com “grande orgulho” a tarefa que o povo tomarense lhe encarregou.
Mário Formiga, que sucede como mordomo a Maria João Lima Morais, a primeira mulher a desempenhar a função, assegurou que a etapa da escolha do mordomo fica assim encerrada e vai “começar já a trabalhar” na principal festa popular de Tomar, em junho de 2023.
“O povo decidiu que vai haver festa em 2023, escolheu o mordomo, confiaram em mim e estou aqui para trabalhar. E a partir de amanhã é arregaçar as mangas e começar a trabalhar para preparar a festa de 2023”, afirmou o recém-eleito mordomo, realçando a sua origem tomarense e a ligação de quase 30 anos a uma das manifestações culturais e religiosas mais antigas de Portugal.
A festa é organizada de quatro em quatro anos e a decisão de a realizar é sempre tomada pela população, numa sessão convocada pela Câmara Municipal para o efeito, no ano anterior à sua realização.
Mário Formiga reconheceu que os “dois últimos anos não foram fáceis para ninguém”, mas disse esperar que o “ano de 2023 traga boas notícias” e a festa se realize num contexto de retoma económica, após as dificuldades causadas pela pandemia de covid-19.
“Se porventura a situação pandémica e económica do país, também por causa da guerra na Ucrânia, se agravasse, eu seria o primeiro, eventualmente, a pedir um adiamento da festa, mas não vamos pensar nisso, estou convencido de que o ano que vem será de retoma económica, não só aqui para o concelho, mas par ao país em si”, desejou.
O mordomo nas edições de 2007, 2011 e 2015, João Victal, disse à Lusa que a escolha do professor Mário Formiga para essa função, na festa de 2023, “vem no seguimento do trabalho que ele tem desempenhado ao longo dos últimos anos, pelo menos, desde 1995, nas comissões” de festas.
A mesma fonte recordou o trabalho realizado por Mário Formiga durante o período em que foi mordomo e considerou que a sua eleição é vista “com bons olhos” pela população, porque representa uma garantia de “continuidade” e de “conservação das tradições” de uma das festas que mais visitantes atrai em Portugal.
Com origem pagã, simbolizando a época das colheitas, a Festa dos Tabuleiros adquiriu caráter religioso na Idade Média, com a Rainha Santa Isabel, é também conhecida como Festa do Espírito Santo e tem como ponto alto uma procissão com tabuleiros.
As 11 freguesias do concelho e milhares de tomarenses (nas juntas de freguesia, escolas, associações, lares, hospital) envolvem-se na confeção de flores de papel que enfeitam os tabuleiros e as ruas durante a festa, que atrai milhares de pessoas à cidade no início do mês de junho.
Transportados por raparigas, à cabeça, ao longo dos cinco quilómetros de procissão, os tabuleiros da festa de Tomar têm na base um cesto de verga, enfeitado com um pano bordado ou em renda, onde são espetadas cinco ou seis canas com pães (30 no total), e têm no cimo uma coroa com uma pomba branca ou a cruz da Ordem de Cristo.
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