“Face à não resposta de marcação de reunião por parte do conselho de administração da EMEL e da Câmara Municipal de Lisboa, para reunir, apresentar e discutir uma proposta séria dos aumentos dos salários, os trabalhadores não tiveram outra hipótese que não fosse marcar uma nova greve”, justificou à Lusa Orlando Gonçalves, do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).
O sindicalista recordou que os trabalhadores realizaram há 15 dias um plenário à porta da Câmara Municipal de Lisboa e que transmitiram ao presidente da autarquia, Carlos Moedas (PSD), as reivindicações e a intenção de retomar as negociações.
“Na altura, o presidente Carlos Moedas disse que não tinha conhecimento do que se estava a passar. Achámos estranho, mas já enviamos toda a documentação e passados 15 dias continua a não dar resposta”, apontou.
Segundo referiu Orlando Gonçalves, a administração da EMEL conseguiu chegar a acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE) para um aumento salarial de 25 euros, valor rejeitado pelo CESP, que pretende um incremento em 90 euros.
“Consideramos que o aumento proposto é insuficiente. A EMEL tem capacidade para dar melhores aumentos aos trabalhadores. Este ano vão atingir, em termos de receitas, valores pré-pandemia (2019). A opção tem sido de não valorizar os trabalhadores”, argumentou.
Numa resposta escrita, enviada à Lusa, fonte da EMEL assegurou que a empresa “tem feito um esforço no sentido de ir ao encontro das pretensões dos sindicatos representativos dos trabalhadores” e aludiu ao acordo alcançado com o SITESE, que se traduziu no aumento de 25 euros para todos os trabalhadores e “em 5% do subsídio de trabalho por turnos dos trabalhadores que fazem trabalho 24 horas”.
“Note-se que a EMEL partiu para estas negociações com os sindicatos com uma proposta de aumento inicial de 15 euros transversal, tendo encerrado as negociações com obtenção do acordo do SITESE para um aumento de 25 euros, nos moldes já expostos. Lamentavelmente, o CESP não subscreveu o acordo”, aponta a empresa.
A nota refere ainda que a atividade da EMEL “foi afetada nos últimos dois anos, com perdas significativas, resultantes da paragem da atividade”, situação que “obrigou à transferência de verbas do município” para a empresa.
Por seu turno, também numa resposta enviada à Lusa, fonte da Câmara Municipal de Lisboa referiu que o executivo “considera que as negociações entre a administração da EMEL e os representantes dos trabalhadores devem prosseguir, no sentido de se alcançar um acordo que satisfaça todas as partes, independentemente do sindicato em causa”.
“Apesar do momento económico difícil, a EMEL tem ido ao encontro das pretensões dos cerca de 700 colaboradores da empresa”, sublinha a nota da Câmara de Lisboa.
Os trabalhadores da EMEL tinham cumprido uma greve de 24 horas no dia 06 de maio, tendo sido registada uma adesão de cerca de 90%, segundo os sindicatos, e inferior a 30%, de acordo com a empresa.
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