“Esta é a empresa das ex-rodoviárias que tem os ordenados mais baixos de toda a Área Metropolitana [de Lisboa]”, disse à Lusa um motorista de Sesimbra Francisco Fonseca, adiantando que foi apresentada uma proposta à empresa de “750 euros de ordenado base”.
“É o que estamos a exigir, que tenhamos melhores salários e melhores condições de trabalho para podermos proporcionar à população e aos passageiros que transportamos umas boas condições”, frisou.
Naquele que é o segundo e último dia de greve dos trabalhadores da TST, cerca de 250 funcionários concentraram-se na rua Dom Nuno Álvares Pereira, em Almada, discursando sobre as condições a que estão sujeitos.
“Nós tivemos uma reunião com a administração da empresa no passado sábado, que finalmente apresentou uma nova proposta que ficou muito aquém daquilo que são as reivindicações”, referiu Fernando Fidalgo, da Fectrans – Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações.
De acordo com o sindicalista, a TST propôs um aumento dos atuais 673 euros para 685 euros e a implementação de um sistema de folgas rotativas, no entanto, para os motoristas isto não é suficiente e, em princípio, vão “rejeitar”, continuando com paralisações de 48 horas, por mês.
“Os trabalhadores reivindicam já e de imediato 700 euros na tabela salarial com retroativos a janeiro deste ano”, indicou.
O protesto realizou-se entre as 10:00 e as 12:00, seguindo-se uma reunião com a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros (PS), pelo que o sindicato espera que o executivo “esteja do lado dos trabalhadores” e que “pressione a administração da TST para resolver o conflito”.
“Nós esperamos que a presidente da Câmara de Almada reconheça que a TST é uma empresa que tem prestado um mau serviço aos utentes. Tem uma frota particularmente envelhecida, tem um elevado índice de corte de carreiras, não se preparou para o aumento da taxa de ocupação verificado com os novos passes sociais e têm ficado muitos utentes nas paragens”, mencionou.
Neste protesto também esteve a deputada e vereadora do BE na Câmara de Almada, Joana Mortágua, que realçou como a “degradação do serviço prestado à população” também corresponde à “degradação dos trabalhadores”, que “recebem abaixo da média salarial do seu setor”.
Neste sentido, a bloquista advertiu que a degradação do serviço tem vindo a piorar desde que entrou em vigor o novo passe social, em 01 de abril, não existindo “nenhum reforço por parte da administração” em termos de carreiras, o que tem causado “queixas de muita gente que fica nas paragens”.
Na concentração também esteve presente o eurodeputado do PCP, João Pimenta Lopes, que, à semelhança de Joana Mortágua, defendeu a “reversão dos processos de liberalização e privatização do setor dos transportes em Portugal”.
Esta é a terceira vez que os trabalhadores paralisam por 48 horas, reivindicando aumentos salariais e a redução da carga horária, tendo registado hoje uma adesão na ordem dos 90 a 95% e a supressão de carreiras entre Setúbal e Lisboa, segundo a Fectrans, apesar de a empresa apenas contabilizar 77,8%.
A TST, detida pelo grupo Arriva, desenvolve a sua atividade na península de Setúbal, com 190 carreiras e oficinas em quatro concelhos, designadamente Almada, Moita, Sesimbra e Setúbal.
Comentários