“Vamos continuar o processo de luta, que poderá ser agudizado ou não, esperemos que não, basta a TST querer fazer parte da solução e querer reunir com os sindicatos para chegarmos a um acordo”, avançou à agência Lusa Manuel Oliveira, do Sindicato Nacional dos Motoristas.
Esta estrutura sindical reuniu-se hoje, em Lisboa, com os sindicatos representativos dos trabalhadores, para debater a situação atual na empresa e definir novas formas de luta, tendo decidido a concretização de uma nova greve entre 12 e 13 de abril.
Os dias da nova paralisação foram escolhidos na quinta-feira, em plenário de trabalhadores, após a entrega de uma proposta à administração da TST para que o salário seja fixado em 750 euros, um aumento de 98,39 euros em relação ao atual.
Contudo, como ainda não houve nenhuma resposta por parte da empresa, e por terem sido recebidos pela diretora de recursos humanos da TST, em vez da administração, os trabalhadores decidiram marcar um novo protesto.
“Esta luta irá continuar até que a empresa decida falar com os sindicatos e quando falamos em empresa, falamos na administração. Com todo o respeito pelos representantes da empresa, esta discussão tem que ser tida com quem manda e não com quem é mandado”, explicou Manuel Oliveira.
O Sindicato Nacional dos Motoristas mostrou-se, assim, solidário com a luta dos trabalhadores por aumentos salariais, mas advertiu que o serviço da empresa prestado aos clientes também deve ser melhorado.
“Há um conjunto de situações que vão além dos aumentos salariais, também estamos a falar das condições de trabalho e qualidade de serviço para a população, porque a TST existe para servir e devia servir os passageiros com mais dignidade. E a TST tem condições de apresentar um melhor serviço, nomeadamente em relação à qualidade dos autocarros”, defendeu.
Ainda assim, o sindicalista sublinhou que o principal é o facto de os motoristas da empresa “trabalharem muito e receberem pouco”.
Também João Saúde, da Fectrans — Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, já tinha avançado à Lusa que os motoristas da TST “ganham um salário de miséria” e que são os profissionais deste setor, na região, que têm os salários mais baixos.
Além disso, denunciou que a TST está a pagar o trabalho extraordinário “em valor abaixo do que determina o Acordo de Empresa”, o que está a levar os motoristas a “procurar trabalho em outras empresas”.
Em 23 de janeiro, a administração propôs o aumento do ordenado atual de 651,61 euros para 670 euros, além de um acréscimo de 0,91 cêntimos nas diuturnidades e de mais cinco euros no trabalho em dia de folga, passando a receber 42,50 euros, uma proposta que os trabalhadores consideraram insuficiente.
Foi este o motivo que levou os motoristas a convocar uma paralisação de 48 horas, a qual se realizou entre quarta e quinta-feira, com adesões de 90% e “grande impacto” nos concelhos de Almada e Setúbal, segundo João Saúde.
A TST desenvolve a sua atividade na Península de Setúbal, com 190 carreiras e oficinas em quatro concelhos, designadamente Almada, Moita, Sesimbra e Setúbal.
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