A greve, que decorrerá até às 23:00 de terça-feira, é organizada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA), envolvendo enfermeiros, auxiliares, administrativos e técnicos de diagnóstico.
“Os trabalhadores do Hospital de Loures vão estar em greve porque trabalham numa instituição que é uma ex-PPP (parceria público-privada) e continuam a ser discriminados relativamente a outras instituições do país do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, justificou, em declarações à agência Lusa, a sindicalista Isabel Barbosa, do SEP.
O Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, no distrito de Lisboa, funcionou até 19 de janeiro deste ano no regime de PPP, sendo gerida, até então, pelo grupo privado Luz Saúde.
Atualmente a unidade hospitalar tem gestão pública, assente no modelo de entidade pública empresarial (E.P.E)
Apesar de ter mudado de gestão privada para pública, Isabel Barbosa refere que os trabalhadores do HBA continuam a trabalhar 40 horas semanais, ao invés das 35 que se verifica no SNS, uma situação que, segundo a sindicalista, dificulta a contratação de novos profissionais.
“Se oferecem nas instituições ao lado o mesmo vencimento, com horário inferior, obviamente que as pessoas não optam por ir para o Hospital de Loures. Ou seja, as contratações são feitas com os mesmos salários das outras instituições, mas a 40 horas em vez das 35”, argumentou.
Nesse sentido, os sindicatos exigem que a administração do HBA assine os “instrumentos de regulamentação coletiva” e que “assegure a contratação de mais profissionais” para a unidade de saúde.
“Aquilo que se vive nos serviços é uma situação gritante de carência de profissionais. Os enfermeiros e todos os trabalhadores têm sido penalizados com isso. Sobrecargas terríveis de trabalho, acumulação de feriados, horas em dívida”, apontou.
Por seu turno, também em declarações à Lusa, a sindicalista Ana Amaral, do STFPSSRA, referiu que “existem promessas” da administração do HBA de regularizar a situação dos trabalhadores, mas que “até agora nada foi feito”.
“É preciso, rapidamente, regularizar a situação destes trabalhadores e assegurar que, tal como acontece nos outros hospitais públicos, têm 35 horas de trabalho e possam progredir. A administração já teve muito tempo para o fazer”, declarou.
Segundo dados avançados pelos sindicatos, trabalham atualmente no HBA cerca de 500 enfermeiros, 400 auxiliares e 200 administrativos.
A paralisação tem início esta noite, a partir das 23:00, mas segundo os sindicatos os efeitos só terão maior visibilidade no período da manhã de terça-feira, altura em que têm lugar as consultas programadas.
Contactada pela Lusa, fonte da administração disse que estão a ser ultimadas a regulamentação dos horários de trabalho e a “harmonização de direitos”, para serem enviadas para aprovação dos ministérios da Saúde e das Finanças.
Relativamente à contratação de mais profissionais, a administração do HBA ressalvou que têm sido contratados trabalhadores, para colmatar as saídas, “de acordo com a disponibilidade no mercado”.
A mesma fonte assegurou ainda que estão a ser pagas as horas e os turnos extraordinários.
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