"Se não houver uma resposta efetiva, rápida e imediata sobre a proposta da administração, se ela se mantiver como está, vamos avaliar com os trabalhadores várias formas de luta", disse o dirigente sindical André Albuquerque, no final de uma reunião com o secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado.
André Albuquerque falava aos jornalistas no final de uma reunião de dirigentes do CENA-STE - Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos, com a tutela da Cultura, para apresentação de várias reivindicações de trabalhadores da Companhia Nacional de Bailado (CNB), Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) e Teatro Nacional de São Carlos, tutelados pelo Opart.
Entre essas formas de luta está a possibilidade de protestos durante o Festival ao Largo, que decorre no verão, em Lisboa, segundo os sindicatos.
Cerca de 70 trabalhadores, de cantores, músicos, bailarinos a administrativos, estiveram concentrados durante toda a reunião, que durou quase duas horas, em frente ao Palácio Nacional da Ajuda, onde funciona o Ministério da Cultura.
"Resgate da missão artística no Opart", "Sala de ensaio para a OSP - 25 anos à espera", "Estatuto do bailarino - 26 anos de luta - CNB", "Não ao corte orçamental! Cultura acima de 0%" eram as reivindicações que os trabalhadores empunhavam, em faixas, separados da entrada do palácio por agentes da PSP e um gradeamento de metal.
Questionado pela agência Lusa sobre as possíveis formas de luta a organizar, André Albuquerque, coordenador do CENA-STE, indicou que "a questão da negociação do regulamento de pessoal será fulcral para saber se haverá ou não protestos".
"Não queremos que o regulamento seja aplicado unilateralmente", disse o responsável sobre um documento que ainda não está totalmente finalizado, mas de que os sindicatos já tiveram conhecimento e que pretendem negociar, pois os trabalhadores estão descontentes com vários aspetos.
"Neste momento temos discordâncias grandes sobre a proposta do Conselho de Administração, que transmitimos ao Ministério da Cultura", indicou.
Sobre o resultado da reunião com a tutela, o dirigente sindical disse que foi "positiva": "Não ficámos satisfeitos nem insatisfeitos. Precisamos de ver resultados práticos".
Entre as reivindicações estão uma sala de orquestra, sobre a qual lhes foi dito que será disponibilizada até ao final da legislatura, "mas que, provavelmente, terá de sofrer obras", e os sindicatos pretendem que o processo seja agilizado até setembro.
"É urgentíssimo que os precários sejam integrados no quadro dos trabalhadores, porque tem reflexos na missão artística", prosseguiu.
A missão artística da CNB e da OSP também é uma das grandes preocupações dos trabalhadores e dos sindicatos, sendo que se agravou "no caso da Companhia Nacional de Bailado, porque o relacionamento com a direção artística se tem degradado nos últimos tempos, e uma companhia nacional tem de dançar mais clássicos", declarou André Albuquerque.
"A situação está a ser acompanhada", disse a tutela aos sindicatos, e "há já uma alteração de posição da tutela em relação à situação transmitida em novembro, porque nessa altura não havia salas com 40 ou 50 espetadores, e aconteceu neste último programa da companhia".
"Esperamos que essa situação seja alterada na próxima programação", disse ainda André Albuquerque, defendendo que os trabalhadores da casa tenham uma palavra maior a dizer sobre a definição artística da programação, alteração que, segundo disse, "a tutela vê com bons olhos".
Contactada pela agência Lusa para uma reação da direção artística, da responsabilidade do coreógradfo Paulo Ribeiro, a esta situação, fonte da comunicação da CNB respondeu: “O director artístico não comenta”.
O CENA-STE espera ainda que, também no caso da CNB, "o estatuto do bailarino possa estar já refletido neste novo regulamento", que se encontra em preparação.
No passado dia 05 de março, cerca de 200 trabalhadores do Opart, entre cantores e bailarinos, também se tinham manifestado numa concentração em frente ao Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, após a realização de um plenário, para exigirem a resolução da "suborçamentação e precariedade", que dizem afetar a instituição.
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