Na sequência de uma reunião hoje no Ministério do Trabalho entre a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht) e a Risto Rail, empresa que presta estes serviços à transportadora ferroviária, a organização sindical “exigiu a reabertura de todos serviços” e “a melhoria das condições de trabalho”, depois de esta terça-feira a CP ter retomado o serviço de bares.
A Fesaht “regozijou-se pela reabertura do serviço de refeições dos bares dos comboios Alfa Pendular e Intercidades”, mas disse que era fundamental a “reabertura de todos os serviços, já que continuam encerrados o serviço de boas vindas e o serviço de minibares ao lugar, obrigando os passageiros e irem ao bar e a circularem nas carruagens, pondo em causa a saúde e proteção dos utentes e dos trabalhadores”.
Além disso, de acordo com o comunicado, os trabalhadores querem a “reposição de todos os comboios a circular, pois estão dezenas de comboios suprimidos e tal facto leva à acumulação de clientes e, deste modo, põe em causa a saúde e proteção dos utentes e trabalhadores, bem como a ocupação efetiva dos postos de trabalho”.
Paralelamente, a Fesaht apelou à “reposição das escalas dos horários dos trabalhadores”, bem como à “proteção devida aos utentes e trabalhadores, pois verificam-se falhas enormes nesta matéria”.
A Federação alertou ainda para a “alteração de regras que põem em causa a qualidade de serviço e podem pôr em causa no futuro postos de trabalho” e pediu “melhores condições nas instalações destinadas ao armazém do Porto e ao repouso dos trabalhadores nas estações”, bem como “horários e salários a 100%”.
Para a Fesaht, é preciso também uma “valorização do serviço de refeições a bordo”.
Segundo a organização, a Risto Rail disse que iria realizar reuniões “com os delegados sindicais para analisar, em concreto, escalas e outros assuntos pendentes”, tendo ficado “agendada nova reunião para dia 03 de setembro”, para a qual foi convocada a CP, que não compareceu ao encontro de hoje.
"Os comboios já estão a circular com serviço de refeições a bordo", o que representa uma "grande vitória destes 120 trabalhadores que tiveram cortes salariais durante quatro meses e viviam um futuro incerto, com a LSG/Lufthansa [dona da Risto Rail] a ameaçar com o não pagamento do salário de agosto, o encerramento definitivo dos bares, a insolvência da sua sociedade em Portugal" bem como "o despedimento coletivo de todos os trabalhadores", revelou a Fesaht num comunicado, divulgado esta quarta-feira.
Na mesma nota, a Fesaht garantiu que "a luta vai continuar pela valorização e reposição de todos os serviços a bordo ao cliente, quer de boas vindas quer do serviço de minibar ao lugar, até por razões de saúde e proteção dos trabalhadores e utentes".
Em 06 de agosto, a Fesaht disse que a CP estava disposta a aceitar a "retoma imediata do serviço a 100%" nos bares dos comboios de longo curso, permitindo que os 120 trabalhadores a Risto Rail voltassem ao trabalho.
"A CP informou-nos de uma proposta para retomar o serviço a 100%, o que para nós é uma novidade", indicou Francisco Figueiredo à Lusa nesse dia, depois de um plenário, junto à sede da operadora.
No dia 15 de julho, o mesmo responsável deu conta de uma reunião ocorrida entre os sindicatos e a Risto Rail, em que a empresa disse que não colocaria em Portugal "nem mais um cêntimo".
Em causa está a suspensão do serviço, devido à covid-19, que levou a que a CP deixasse, de acordo com o dirigente sindical, de pagar uma mensalidade de perto de 120 mil euros à empresa.
"Como medida de prevenção de contactos e garantia de cumprimento das medidas de distanciamento social, decorrentes da pandemia por covid-19, a CP viu-se forçada a suspender a prestação dos serviços a bordo dos comboios de Longo Curso, Alfa Pendular e Intercidades, desde o passado dia 19 de março de 2020", disse, por sua vez, a CP, em resposta escrita à Lusa.
De acordo com a mesma fonte oficial, em junho a operadora "encetou negociações com o prestador de serviços [Risto Rail] com vista à retoma do serviço de bar, nos referidos comboios, alinhado com o cenário de pandemia que se vive e com os constrangimentos daí resultantes".
A porta-voz do grupo LSG, a marca de 'catering' da Lufthansa, que detém a Risto Rail recordou, por sua vez, que esta empresa "não tem estado a prestar serviços a bordo dos comboios da CP desde 19 de março" o que levou à decisão de "colocar os 120 trabalhadores em 'lay-off'".
O grupo LSG realçou que a decisão de suspender o serviço foi da CP, devido à pandemia de covid-19 e que, depois das primeiras medidas de desconfinamento, "a Risto Rail contactou a operadora imediatamente para retomar as atividades nos termos contratuais".
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