O empresário de 47 anos hoje em dia até se envergonha de ter sido pró-Trump e juntou-se ao movimento "Republicanos por Kamala Harris", um movimento lançado pela vice-presidente americana para atrair os moderados do partido conservador.
"Donald Trump colocou estranhos uns contra os outros. Destruiu comunidades, famílias, lares e locais de culto", diz Logis em entrevista em Miami, na Flórida, à AFP.
A sua jornada dentro do coração do movimento ultraconservador MAGA (baseado no slogan de Trump "Make America Great Again") para a campanha de Harris é uma anomalia no polarizado cenário político americano.
Em 2015, Logis sentia, assim como muitos de seus compatriotas, que os partidos tradicionais não o representavam. A ascensão de Trump, um bilionário com discurso contra as elites, mudou tudo.
"Era a pessoa certa na hora certa, atraíram-me as mensagens sobre a destruição da ordem política estabelecida", relembra.
Não demorou para que aderisse à campanha de Trump. Fez telefonemas, organizou grupos de apoio e começou a escrever artigos para meios digitais de extrema direita, onde se dedicava a "desumanizar" democratas e republicanos que não apoiavam o magnata.
"Sentia que estávamos do lado certo na luta contra o mal. Sentia que éramos os verdadeiros americanos contra os falsos americanos", afirma.
Em 2016, Trump venceu a democrata Hillary Clinton, símbolo da classe política mais tradicional, contrariando as pesquisas. A vitória animou Logis a dedicar ainda mais tempo ao que considerava como sua segunda família, a comunidade MAGA.
As primeiras dúvidas chegaram em meados de 2021. Preocupado pelo aumento dos contágios pela covid-19, o empresário começou a divergir da rejeição dos trumpistas às campanhas de vacinação e a outras medidas contra a pandemia. Foi aí que resolveu fazer algo que não fazia há anos: consultar meios de comunicação que estão fora da bolha da extrema direita.
As novas leituras fizeram-no mudar de opinião sobre muitos assuntos, incluída a invasão do Congresso americano por apoiantes de Trump, a 6 de janeiro de 2021. Logis, que sempre até aí tinha minimizado a importância desse episódio, começou a questionar o facto de que Trump não o tinha condenado. A decepção com o bilionário foi crescendo enquanto este seguia defendendo, sem provas, que havia sofrido de fraude eleitoral nas eleições de 2020 contra Joe Biden, algo que Logis nunca acreditou.
A saída do movimento MAGA não foi simples. Pertencer à comunidade era grande parte da sua identidade e levou meses para romper com ela, mediante uma carta publicada na internet, em agosto de 2022.
Desde então, tentou reparar os dano que diz ter feito como ativista pró-Trump. Este ano criou o "Leaving MAGA" (Abandonando MAGA), uma comunidade para acolher quem tinha abandonado o movimento ou hesita em fazê-lo.
"Já não considero inimigos aqueles com os quais não estou de acordo", diz sobre sua evolução. "Já não os vejo como traidores do país."
A última etapa de sua jornada política chegou há pouco, ao observar o entusiasmo gerado por Kamala, a ex-senadora de 59 anos que substituiu Biden como candidata democrata. Atraído pela mensagem da atual vice-presidente e de Tim Walz, Logis juntou-se à sua campanha como voluntário.
"Os americanos estão ávidos por esperança. E a candidatura de Harris e Walz está a trazer isso", garante. "Vemos alegria contra distopia. Uma campanha, a de Trump, que quer retroceder. E outra que quer mover o país adiante."
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