O grupo do multimilionário norte-americano, candidato às eleições presidenciais de 2024, foi julgado por evasão fiscal e falsificação de declarações contabilísticas, nomeadamente com o objetivo de ocultar das autoridades fiscais compensações financeiras de alguns altos dirigentes.
De acordo com a lei de Nova Iorque, o máximo que as empresas podem ser multadas por este tipo de crime é de cerca de 1,6 milhões de dólares, montante aplicado hoje pelo juiz Juan Manuel Merchan.
Apesar de ser uma quantia relativamente pequena para uma empresa da sua dimensão, esta multa poderá afetar futuros negócios e representa uma mancha na reputação do magnata do Partido Republicano como um empresário experiente enquanto monta uma campanha para reconquistar o poder na Casa Branca.
Uma multa foi a única penalidade que o juiz poderia impor à Trump Organization pela sua condenação no mês passado por 17 crimes fiscais, incluindo conspiração e falsificação de registos comerciais.
O veredicto de culpado foi pronunciado em 06 de dezembro último, no segundo dia de deliberações, depois de um julgamento no qual a Trump Organization foi acusada de cumplicidade num esquema protagonizado por executivos de topo com o objetivo de evitar pagar taxas sobre privilégios associados (os chamados ‘fringe benefits’ em Inglês) aos cargos, como apartamentos gratuitos ou carros de luxo.
O próprio Donald Trump não estava em julgamento e negou ter qualquer conhecimento de que os seus executivos estariam a sonegar impostos ilegalmente. Contudo, os procuradores alegaram que o ex-chefe de Estado “sabia exatamente o que se estava a passar” com o esquema.
Trump chegou a dizer que o caso contra a sua empresa fazia parte de uma “caça às bruxas” politicamente travada por Democratas vingativos.
Nem o ex-presidente, nem os seus filhos - que ajudaram a administrar e promover a empresa - estiveram hoje no tribunal para acompanhar a audiência de sentença.
O procurador Joshua Steinglass disse que a multa constitui ”uma fração da receita” da Trump Organization e que o esquema era “de longo alcance e descarado”.
“Todas essas práticas corruptas faziam parte do pacote de remuneração dos executivos da Trump Organization e certamente era mais barato do que pagar salários mais altos a esses executivos”, afirmou Steinglass.
Os advogados de defesa, que argumentaram que a multa deveria ser menor, pediram 30 dias para pagar o montante, mas o juiz ordenou o pagamento em 14 dias.
Além da empresa, apenas um executivo foi acusado no caso: o ex-diretor financeiro da Trump Organization, Allen Weisselberg, que se declarou culpado no verão passado por sonegar impostos em 1,7 milhões de dólares (1,57 milhões de euros).
Weisselberg foi condenado na terça-feira a cinco meses de prisão.
A Trump Organization será alvo de um julgamento civil ainda maior este ano, num caso diferente de fraude financeira.
Comentários