"Muitas pessoas concordam comigo. O nosso país não foi projetado para fechar", disse Trump à Fox News. "Pode-se destruir um país desta maneira, fechando-o", assegurou o presidente.

"Eu adoraria ter o país aberto e realmente quero que seja para a Páscoa", disse Trump nesta entrevista. A Páscoa será a 12 de abril.

As medidas de distanciamento social e quarentena foram instituídas em grande parte dos Estados Unidos, levando a uma queda acentuada da atividade na maior economia do mundo.

A campanha presidencial para as eleições de novembro foi outra vítima significativa da quarentena, já que vários comícios foram cancelados.

Especialistas em saúde indicaram que as medidas de isolamento e paralisação são a única maneira de impedir que a doença facilmente transmissível e com risco de vida se multiplique incontrolavelmente.

No entanto, o presidente norte-americano, que pediu um período de observação de 15 dias (que termina no início da próxima semana), acha que as medidas foram exageradas.

"Perdemos milhares e milhares de pessoas por ano devido à gripe. Não fechamos o país" por causa disso, disse.

"Perdemos muito mais do que isso em acidentes de carro. Não ligamos para os fabricantes de automóveis para dizer 'Pare de fabricar'", afirmou.

Horas depois, Trump parecia, no entanto, recuar no seu objetivo de abrir o país por altura da Páscoa, numa conferência de imprensa com Anthony Fauci, o reconhecido especialista em doenças infecciosas que presta assessoria ao governo.

"Só o faremos se for positivo", disse Trump, esclarecendo que a reabertura pode se limitar a uma "parte" do país, por exemplo, a algumas áreas rurais ou áreas do Texas e oeste dos Estados Unidos.

À procura de um plano para estimular a economia

O colapso da atividade e os alertas de uma recessão — ou mesmo de uma depressão — são um revés brutal para uma economia que estava bem até a crise, com a menor taxa de desemprego já registada.

Esta madrugada, o chefe da maioria republicana no Senado dos EUA anunciou um acordo com os democratas e a Casa Branca de dois biliões de dólares (2.000.000.000.000 dólares) para relançar a primeira economia mundial, atingida pela pandemia da covid-19.

O plano histórico de 1,85 biliões de euros terá ainda de ser aprovado pela Câmara dos Representantes, cuja maioria é democrata, antes de ser promulgado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Após dias de intensas discussões, o Senado chegou a um acordo entre os dois partidos [democrata e republicano] sobre um plano histórico (...). Aprovaremos este texto ainda hoje", afirmou o senador republicano Mitch McConnell.

Mais de 700 pessoas morreram devido ao novo coronavírus nos Estados Unidos, que registaram quase 54.000 casos confirmados, de acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins, usada como referência no país.

Os Estados Unidos são o terceiro país com mais casos no mundo, atrás da China e da Itália. Em contraste com o otimismo de Trump, o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, alertou na terça-feira que o número de novos casos no estado está aumentar a cada três dias, atingindo "números astronómicos". O estado já tem mais de 25 mil diagnósticos positivos, incluindo quase 15 mil na cidade de Nova Iorque, o epicentro da pandemia no país.

A estimativa de Cuomo é que Nova Iorque chegue ao pico da crise em 14 a 21 dias, tornando-se imperativo conseguir mais camas hospitalares, máscaras, ventiladores e equipas médicas.

Atualmente, o estado tem apenas 10 mil ventiladores e precisa de mais 30 mil, disse Cuomo, desesperado, pedindo ajuda ao governo federal. Nova Iorque tem 53 mil camas hospitalares, mas precisa de 140 mil.

O que vem primeiro, economia ou saúde?

Com a campanha eleitoral suspensa, Trump está à procura de uma saída da calamidade do novo coronavírus com a reeleição em mente.

Um dos seus maiores orgulhos, antes do surto, era a força da economia do país. "Não podemos perder a Boeing. Não podemos perder algumas destas empresas", disse Trump no programa da Fox na Casa Branca.

"Se perdermos estas empresas, estamos a falar de centenas de milhares de empregos, milhões de empregos", assinalou.

No entanto, a sua insistência num rápido renascimento da economia acarreta o risco de que alguns eleitores acreditem que ele prioriza a riqueza em detrimento da sobrevivência dos doentes, principalmente dos idosos, os mais vulneráveis.

Enquanto o vice-governador do Texas, Dan Patrick, concorda com Trump, Cuomo, que se tornou um líder nacional em tempos de crise graças às suas conferências de imprensa diárias, deixou um apelo: "Não sacrifique o país", a "minha mãe não é descartável".

Apesar das críticas à forma como está a gerir a pandemia, Trump continua a ter números fortes nas sondagens eleitorais. No último levantamento, feito pelo instituto de pesquisas de Monmouth, 50% das pessoas consultadas aprovaram o a forma como está a lidar da crise, contra 45% que não aprovaram.

*Por Sebastian Smith e Laura Bonilla/AFP

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