“Face à atual situação que vivemos, a TST, de forma a manter a sustentabilidade da empresa e todos os postos de trabalho, entrou em ‘lay-off’ no dia 9 de abril, tendo colocado 545 dos seus 1.040 colaboradores neste regime”, avançou a diretora comercial da empresa, Rita Lourenço, numa resposta escrita enviada à Lusa.
Segundo a nota, a rodoviária da Península de Setúbal teve “uma procura de cerca de apenas 10%” durante o mês de março, o que levou à decisão de suspender todas as ligações de e para Lisboa.
“Com base nestes dados, decidimos ajustar novamente a oferta para níveis que rondam efetivamente os 25% em quilómetros produzidos, mas que não implicam necessariamente a mesma proporção de redução de carreiras. Hoje mesmo asseguramos 1.400 circulações diariamente e com níveis de serviço próximos dos 10% de utilização”, indicou.
O Bloco de Esquerda questionou hoje o Governo sobre as medidas tomadas pela TST, considerando que o ‘lay-off’ não pode ser “aproveitado” para diminuir um “serviço essencial”.
“O ‘lay-off’ é uma medida excecional criada para responder à crise pandémica, que não pode ser aproveitada pelos TST para suspender ou modificar as carreiras de transporte público, aliás, em claro incumprimento do contrato em vigor”, defendeu.
No entanto, Rita Lourenço explicou que “a decisão de reduzir o serviço para níveis tão baixos assenta no princípio da gestão de manutenção da empresa a níveis financeiros que lhe permitam suportar esta fase tremenda de contenção e poder preparar-se para os dias que se seguirão”.
Além disso, referiu que a rodoviária “opera sob licenças de serviço público e não em regime de concessão”, pelo que “não se aplica a obrigatoriedade” mencionada pelo BE.
“Podemos desde já adiantar que a quebra de receitas efetiva foi superior a 80% ou seja mais de 2.500.000 euros por mês, o que por si só acarreta sérios desafios de tesouraria para o operador”, frisou.
Ainda assim, garantiu, a empresa manteve “todos os postos de trabalho, recorrendo ao ‘lay-off’”, com o objetivo de que possam voltar “ao ativo logo que os efeitos restritivos da covid-19 sejam retirados”.
Na sua página da internet, a rodoviária apresenta o transporte fluvial no Tejo, operado pela Transtejo e Soflusa, como uma alternativa às carreiras que foram suprimidas.
Contudo, em comunicado, a Câmara da Moita também criticou a empresa porque a carreira 333, suprimida no concelho, no distrito de Setúbal, “não dispõe de qualquer alternativa de ligação direta em transporte público”.
Ainda assim, Rita Lourenço indicou que a nova oferta “privilegia as sinergias entre modos de transportes garantindo o rebatimento aos meios pesados (barco e comboio)” e a manutenção das carreiras onde continuam a registar procura.
“Esta medida assenta no principio básico de controlar custos operacionais para os quais não há receitas. A operação está ajustada à totalidade das receitas asseguradas pela Área Metropolitana de Lisboa ficando a empresa e o seu acionista a suportar todos os custos totais da empresa face à sua quase total paralisação”, apontou.
A TST, detida pelo grupo Arriva Portugal, desenvolve a sua atividade na Península de Setúbal, com 190 carreiras e oficinas em quatro concelhos: Almada, Moita, Sesimbra e Setúbal.
Na semana passada, a Arriva anunciou que 68% dos seus trabalhadores em Portugal (cerca de 1.500 pessoas) iam passar a regime de ‘lay-off’ a partir de 09 de abril.
O grupo, que opera em vários concelhos do Norte, em Lisboa e na margem sul do Tejo, está, segundo Rita Lourenço, “bastante apreensivo” com a ausência de linhas de crédito específicas para o setor dos transportes públicos.
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