A ‘Brelcome’, trocadilho entre ‘Brexit’ (saída do Reino Unido da União Europeia) e a palavra ‘welcome’ (inglês para ‘bem-vindos’), “integra o plano de contingência de Portugal para o mercado do Reino Unido”, de acordo com comunicado do Turismo de Portugal divulgado hoje.
A campanha “inclui também uma linha de atendimento online dedicada e uma área informativa específica no portal VisitPortugal”, um portal ‘online’ dedicado a turistas estrangeiros que pretendem visitar Portugal, pode ler-se no comunicado.
Totalizando um investimento de 200 mil euros, a campanha vai estar ativa até junho e “promove os ativos do turismo nacional”, para “lembrar que, apesar de mudanças que possam eventualmente estar a chegar, há sempre coisas que não mudam” no turismo em Portugal.
Para o Turismo de Portugal, o país “garante aos britânicos que irão manter as condições de viagem de que beneficiam atualmente — designadamente isenção de vistos, criação de corredores dedicados nos aeroportos, utilização dos seguros de saúde ou reconhecimento das cartas de condução”.
Citada no comunicado, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, garante que Portugal “com ‘Brexit’ ou sem Brexit”, criou “todas as condições para continuar a acolher da mesma forma”.
“As medidas aprovadas pelo Governo português foram muito bem recebidas pelos operadores turísticos e pelos britânicos, que são o nosso principal mercado turístico”, disse a governante, adiantando que este mercado cresceu 4,3% em janeiro.
Já o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, afirma: “Apesar de todas as incertezas, queremos deixar claro que Portugal é um país inclusivo e que todos são bem-vindos. Continuamos a apostar no Reino Unido enquanto mercado estratégico para o turismo nacional e nunca é demais reforçar a afinidade que une os dos países e as nossas culturas”.
Na quarta-feira, na inauguração da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, já tinha adiantado que a campanha ia ser lançada para que o mercado turístico britânico visse Portugal como o destino europeu “mais amigável”.
“O mercado britânico é muito significativo para Portugal. É o mercado que mais turistas gera para o nosso país, com uma presença particular muito significativa no Algarve e na Madeira e, por isso, estamos ao mesmo tempo a fazer uma campanha intensa de promoção de Portugal – estamos a contactar os operadores turísticos e as agências de viagens dando conta das condições que temos – e vamos na próxima semana lançar uma campanha dirigida ao mercado do Reino Unido para mostrar aquilo que Portugal tem para oferecer”, disse.
Além disso, acrescentou, Portugal está “a tentar assegurar que a experiência do turista britânico seja a mais normal possível”.
“Vamos acolher os turistas sem necessidade de vistos de entrada, vamos manter canais abertos nos aeroportos para que possam seguir sem interrupções, vamos manter o acesso aos canais eletrónicos de passaportes também disponíveis para os turistas que venham apenas para Portugal, vamos continuar a proporcionar o acesso ao Serviço Nacional de Saúde e ao transporte de animais de companhia. Tudo será criado para que os turistas do Reino Unido não sintam, apesar da saída do Reino Unido da União Europeia [‘Brexit], qualquer alteração na experiência que tenham em Portugal”, lembrou o ministro.
O Parlamento britânico aprovou na quinta-feira uma moção do Governo da primeira-ministra, Theresa May, no sentido de pedir a Bruxelas um adiamento do ‘Brexit’, marcado para 29 de março.
Os deputados britânicos apoiaram uma moção governamental nos termos da qual o Governo solicitará uma extensão do prazo previsto no Artigo 50 do Tratado de Lisboa até 30 de junho, se o Parlamento aprovar um acordo de ‘Brexit’ até 20 de março — véspera do Conselho Europeu em que os líderes da UE se pronunciarão sobre a matéria, que exige unanimidade -, ou por um período mais longo, caso não haja acordo.
Apesar de dois chumbos, May quer submeter o seu Acordo de Saída da UE a votação pela terceira vez na próxima semana, dia 20 de março, e espera até lá convencer os colegas conservadores eurocéticos e os seus aliados parlamentares do Partido Democrático Unionista (DUP) da Irlanda do Norte a votarem a favor, em vez de correrem o risco de, com o adiamento, não chegar a haver ‘Brexit’.
Quanto à hipótese de pedir a prorrogação do Artigo 50 para realizar um segundo referendo no Reino Unido (depois do de 2016), foi chumbada por uma larga margem, 249 votos (85 a favor e 334 contra), e com a abstenção de muitos trabalhistas e alguns conservadores, pelo que esse cenário ficou igualmente afastado.
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