“A delegação da UE em Israel deseja celebrar o Dia da Europa a 9 de maio no país anfitrião, como todos os anos. Lamentavelmente, este ano, decidimos cancelar a habitual receção diplomática”, indicou, em comunicado, o porta-voz da diplomacia europeia, Peter Stano. No documento, a diplomacia europeia deixou claro que a UE “não quer oferecer” uma plataforma a pessoas “cujas opiniões contradizem os valores defendidos” por Bruxelas.
No entanto, assegurou que a UE manterá em Telavive o ato cultural que tinha previsto realizar para comemorar a data com público israelita.
“[O ato cultural] visa celebrar com os nossos amigos e parceiros de Israel a sólida e construtiva relação bilateral”, lê-se no comunicado.
Antes da divulgação do comunicado, e numa conferência de imprensa em Bruxelas, Stano tinha indicado que a UE estava em consultas internas com os Estados membros sobre a anunciada presença de Ben Gvir na cerimónia agora anulada.
O porta-voz recordou então que a UE “não apoia” as opiniões políticas do ultranacionalista Ben Gvir e as do partido que lidera, o Poder Judaico (extrema-direita e anti-árabe), uma vez que estas estão “em total contradição com todos os valores e princípios” que a União Europeia “defende e em que acredita”.
Normalmente, é o chefe da diplomacia do país anfitrião que participa no evento anual e profere o discurso do Dia da Europa, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, encontra-se em visita oficial à Índia, pelo que o secretariado do Governo escolheu Ben Gvir para o substituir.
Ben Gvir, membro do governo de coligação liderado por Benjamin Netanyahu com partidos de extrema-direita e ultraortodoxos, foi condenado no passado por racismo, ‘hooliganismo’, incitamento à violência e apoio a uma organização terrorista, o grupo supremacista judeu Kaj.
Na semana passada, durante uma visita a Bruxelas, Cohen discutiu com o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, os preparativos para um novo Conselho de Associação entre as duas partes, que poderia decorrer em Jerusalém, segundo o chefe da diplomacia israelita.
Em outubro de 2022, a UE e Israel realizaram o primeiro Conselho de Associação desde julho do mesmo ano, depois de não o terem convocado durante mais de dez anos, devido às reticências dos Estados-Membros europeus em relação à política de expansão colonial de Israel, que, defendem, põe em risco a possibilidade de um Estado palestiniano no futuro.
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