A sindicalista Dina Carvalho, do Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, afirmou à Lusa que "se começou sempre com os médicos e os enfermeiros" e cerca de 10.000 trabalhadores foram "sempre os outros", que não viram as suas carreiras revistas, com grelhas de salários e regimes de transição.
Hoje, profissionais da administração pública com o mesmo nível de qualificações têm um salário de 1.200 euros e os técnicos de diagnóstico recebem 1.000, referiu.
No primeiro dia da quinta greve que promovem este ano, têm "esperança zero" que a reunião marcada para a próxima segunda-feira com o Ministério da Saúde resolva alguma coisa, porque não conhecem qualquer proposta do executivo e "não sabem ao que vão".
José Abrãao, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública, disse que o ministro das Finanças, Mário Centeno, "é a questão central da vergonha" que põe a classe de técnicos a ganhar "menos do que no regime geral das carreiras" da função pública, porque insiste que "estas carreiras não podem provocar impacto orçamental".
"Há uma grande revolta", salientou Dina Carvalho, referindo que a última proposta que tiveram da tutela, antes da pasta da Saúde ter passado para a ministra Marta Temido, impunha que 75% dos técnicos de diagnóstico ganhasse o mesmo, "esteja há um ano ou há 30 anos" na profissão.
"Temos uma mão cheia de nada", indicou, destacando a importância do trabalho que fazem, que envolve radiologia, cardiologia, fisioterapia, serviços de sangue e praticamente todos os exames de diagnóstico feitos nos hospitais, num total de 19 profissões.
Durante o mês de dezembro, os técnicos de diagnóstico irão cumprir doze dias de greve intercalados, mas gostariam de, "na segunda-feira, poder desconvocar todas as greves", pois isso seria sinal de que a tutela lhes tinha apresentado uma proposta de carreira com tudo o que é preciso para ser aplicada, incluindo tabela salarial e sistema de avaliação.
Greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica regista adesão de 85% na Madeira
A greve de Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica regista hoje uma adesão de 85% na Região Autónoma da Madeira, indicou o sindicalista Roberto Silva, vincando que o protesto no arquipélago vai prolongar-se por dez dias.
"Estamos com uma adesão que ronda os 85%, mas há vários serviços a 100%, como a farmácia e a neurofisiologia, e a 90% ao nível das análises clínicas e a cardiopneumologia", explicou o sindicalista, vincando, no entanto, que os serviços mínimos estão garantidos.
O Serviço de Saúde da Madeira (SESARAM) ainda não emitiu qualquer informação sobre os números da paralisação.
Entretanto, cerca de 50 profissionais de Diagnóstico e Terapêutica participaram hoje numa arruada no centro da capital madeirense, no âmbito de uma greve que irá decorrer durante todo o mês de dezembro, em dias intercalados, em defesa da conclusão do processo negocial de revisão e regulamentação das carreiras.
Estes dias de greve, convocada pelo Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, são acompanhados por ações de protesto público e denúncias de atitudes de desinvestimento nas áreas dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica.
"Esta não é uma reivindicação de agora, é uma reivindicação antiga. As nossas carreiras foram revistas em 1999. Em 2016, foi aberto um processo negocial com este Governo, só que não há vontade efetiva de negociação", afirmou Roberto Silva.
Na região autónoma, o setor público emprega cerca de 300 técnicos de diagnóstico e terapêutica, mas as negociações decorrem diretamente com o Governo da República.
Os profissionais exigem que o executivo aceite as propostas dos sindicatos de tabela salarial, que concorde com as regras de transição propostas pelos sindicatos, que incluam a colocação dos trabalhadores nas três novas categorias da carreira revista e o "correto descongelamento das progressões" dos profissionais, independentemente do vínculo laboral.
Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica são constituídos por 19 profissões e abrangem áreas como as análises clínicas, a radiologia, a fisioterapia, a farmácia, a cardiopneumologia, entre outras, num total de cerca de 10 mil profissionais em exercício nos serviços públicos de saúde.
Notícia atualizada às 14:39. Corrige no quinto parágrafo o nome do dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública.
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