O líder da UNITA falava em Viana, arredores de Luanda, numa declaração ao país convocada para abordar o processo eleitoral e depois de a CNE angolana ter divulgado resultados provisórios que dão a vitória ao MPLA nas eleições gerais de 23 de agosto com 61% dos votos e a eleição de João Lourenço para Presidente da República.
“O país ainda não tem resultados eleitorais válidos. O país ainda não tem um Presidente eleito nos termos da lei”, afirmou Isaías Samakuva, acrescentando que o partido só se vai pronunciar nesta matéria quando a CNE anunciar os resultados definitivos.
“Que devem ser produzidos pelos órgãos locais da CNE a partir das atas verdadeiras das operações eleitorais elaboradas em cada mesa de voto, nos termos da lei”, enfatizou Isaías Samakuva, presidente da UNITA e cabeça-de-lista nas eleições gerais de quarta-feira.
De acordo com o líder do partido do ‘galo negro’, a origem dos dados utilizados na projeção da CNE é desconhecida dos partidos da oposição e respetivos comissários, desde logo tendo em conta, disse, que os centros de escrutínio provincial só hoje iniciaram as operações, e não logo após o fecho da votação, como decorre da lei.
No centro de escrutínio nacional da UNITA, em Viana, Luanda, o partido afirma já ter recebido praticamente a totalidade das atas síntese e atas de operação, de todas as 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, enviadas pelos delegados de lista.
De acordo com a explicação dada também hoje pelo deputado e líder parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que coordena este centro de escrutínio, com 56% das atas com dados já processadas, referentes a 14.852 meses de voto e cinco milhões de votos escrutinados, as projeções resultantes apresentam “substanciais diferenças” dos dados da CNE.
“Até ao início da semana contamos ter concluído este processo”, disse Adalberto da Costa Júnior, acrescentando que a compilação de dados está a ser feita não só pela UNITA, mas também por outros partidos.
No entanto, não foram avançados dados concretos do total nacional até agora compilado pela UNITA.
Numa declaração aos jornalistas sem direito a perguntas, perante uma sala com dezenas de apoiantes, Isaías Samakuva fez um apelo ao “respeito pela diferença” após as eleições gerais.
“Saudar os que votaram pela continuidade, como os que votaram pela mudança”, disse.
Os últimos dados provisórios consultados pela Lusa referem que o MPLA liderava a contagem, com 61,05% (4.115.302 votos), num universo de votos escrutinados em todo o país de 9.221.963 (98,98%).
Nesta contagem, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) conta com 26,72%, chegando aos 1.800.860 votos.
Estas mexidas não interferem com a previsão de distribuição de deputados, com 150 para o MPLA, que mantém a maioria qualificada no parlamento, e 51 para a UNITA.
Os últimos dados provisórios da CNE atribuem à Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) 639.789 votos (9,49%), com 16 deputados, ao Partido de Renovação Social (PRS) 89.763 votos (1,33%) e dois deputados, e à Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) 61.394 votos (0,91%) e um deputado.
A Aliança Patriótica Nacional (APN) soma 33.437 votos (0,50%), mas ainda insuficiente para garantir um deputado.
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