“Fazer sentir aos jovens que realmente isto é um espaço deles, que devem usá-lo, usufruir dele, mas também o devem cuidar”, afirmou à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Daniel Gonçalves, frisando que o jardim “é de todos para todos”.
Na manhã de hoje, após uma noite de chuva, o jardim do Arco do Cego não apresentava um já frequente “mar de copos” de plástico - utilizados para o consumo de bebidas -, mas existiam alguns espalhados pelo relvado e pelos bancos de jardim, a maioria vazios e outros meio cheios de sobras de cerveja.
Entre as pessoas que passeavam os cães e outras que faziam exercício físico, os estudantes universitários arregaçaram as mangas, calçaram as luvas e colocaram mãos à obra.
A recolher o lixo, Carolina Figueiredo, caloira do curso de Engenharia do Ambiente, disse que a ação de limpeza “é um gesto bonito”, que visa “dar o exemplo” para quem frequenta o jardim.
“Como estudantes, mais do que só as praxes da diversão, não nos custa nada fazer, durante uma manhã, estes pequenos gestos”, disse a jovem universitária, natural do Alentejo.
Segundo o presidente da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST), Rodrigo do Ó, a participação dos universitários nesta ação de limpeza “não é praxe”, mas uma preocupação dos estudantes pela manutenção do espaço.
“Não queremos que isto chegue a um outro ponto em que não se possa utilizar o espaço”, frisou, referindo que os jovens universitários estão empenhados em manter o jardim em bom estado de conservação para que possam continuar a utilizá-lo “calma e pacatamente”.
Para o presidente da AEIST, é possível o Jardim do Arco do Cego ser coabitado por todos, desde moradores a estudantes.
Trajado, Pedro Mariano, aluno do quinto ano de Engenharia Mecânica, percebeu também o trabalho que todos os dias é feito pela equipa da higiene urbana da Junta de Freguesia das Avenidas Novas.
“Se todas as pessoas fossem sensibilizadas da mesma forma que nós estamos a ser, se calhar evitávamos um bocado o trabalho árduo que eles [trabalhadores da higiene urbana] têm todos os dias”, advogou Pedro Mariano.
Apontados como parte do problema da manutenção do jardim, devido ao convívio e consumo de bebidas neste espaço, os universitários querem agora ser parte da solução.
A acompanhar a ação de limpeza, Rosa Ribeiro, uma das representantes da Associação de Moradores do Bairro do Arco do Cego, viu com “muito bons olhos” a iniciativa.
No seu entender, revela que a autarquia está “consciente do problema que existe com a utilização do jardim”.
“O que nós não concebemos é que este espaço se tenha tornado esplanada de dois cafés”, apontou Rosa Ribeiro, referindo que estes estabelecimentos funcionam em espaços miniatura, que não permitem acolher todos os clientes, e têm “uma política comercial agressiva”, uma vez que vendem cerveja a 50 cêntimos.
Neste sentido, a associação de moradores defende “medidas mais drásticas em relação a estes cafés”, nomeadamente a “proibição pura e simples de vender para o exterior”, assim como a implementação do uso de copos reutilizáveis.
Enquanto não existir uma solução para o problema, os moradores querem que não seja gasto mais dinheiro na manutenção do jardim, por considerarem que, atualmente, o investimento diário que é feito no espaço destina-se a “receber bebedores”.
“Um Jardim para Todos” foi a primeira ação de limpeza organizada pela Junta de Freguesia, em conjunto com estudantes universitários, mas a autarquia vai agendar mais ações, abrangendo outras faculdades.
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