Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da Comissão de Utentes da Fertagus (que assegura a ligação ferroviária pela Ponte 25 de Abril) disse estar preocupado com mais uma greve que vai afetar os passageiros e propiciar mais uma vez ajuntamentos em estações e comboios, colocando em risco a saúde de todos.
“As últimas experiências que temos tido de greves anteriores significaram estarem pessoas amontoadas nas estações, apesar de a polícia tentar evitar, e sobretudo dentro das poucas carruagens que circularam”, contou Aristides Teixeira.
O porta-voz da comissão lembrou que a situação já era muito difícil, mas agravou-se com a pandemia de covid-19.
“Ao manterem o número de transportes habitual, com as pessoas a amontoarem-se nas carruagens, vai fazer com que aumentem significativamente os contágios. Por isso, entendemos que há um instrumento que o Governo pode utilizar que é a requisição dos serviços mínimos. Sempre será melhor do que de facto as pessoas terem 25% dos transportes, no melhor dos casos”, disse.
Aristides Teixeira lembrou que esta greve ocorre numa altura em que a cidade de Lisboa regista um elevado índice de contágios.
“A cidade de Lisboa é servida por várias linhas como Sintra, Azambuja e Cascais, que transportam, tal como a Fertagus, milhares de jovens que vêm trabalhar ou estudar para Lisboa e é a população que mais contágios tem. O Governo tem de tomar medidas e parece-nos que a mais óbvia é fazer a requisição dos serviços mínimos para reduzir os contágios”, disse.
A Comissão de Utentes da Fertagus quer também que o Governo e a Direção-Geral da Saúde divulguem o número de contágios relativos aos transportes públicos.
“Nós respeitamos o direito à greve, mas o Governo tem de acionar os mecanismos de defesa da saúde pública, porque as greves podem criar graves problemas, como é o caso dos transportes públicos”, insistiu Aristides Teixeira.
Os trabalhadores da CP, da IP e empresas filiadas (IP Telecom, IP Património e IP Engenharia) voltam a estar em greve no dia 25 de junho pelo aumento geral dos salários, anunciaram as estruturas sindicais.
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) e pela Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans).
Segundo o SNTSF e a Fectrans, as orientações do Governo para as empresas do setor “são de contenção e congelamento dos salários”, pelo que defendem que “há razão para que a luta na IP e empresas aliadas seja coincidente com a da CP, que têm ambas a mesma tutela governamental”.
“Os trabalhadores destas empresas querem ver valorizados os seus salários que, cada vez mais, se aproximam do salário mínimo nacional. E porque é uma reivindicação de todos, entendemos que é necessário que a luta seja cada vez mais abrangente e com trabalhadores de todas as categorias e profissões”, afirmam as estruturas sindicais.
Esta nova paralisação marcada para o dia 25 segue-se à greve de trabalhadores da IP que se realizou em 02 de junho e que provocou perturbações significativas na circulação de comboios.
Já na CP terminou uma greve de três dias dos revisores e trabalhadores das bilheteiras que teve também impacto na circulação de comboios.
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