Fontes do Governo espanhol citadas pela agência de notícias EFE explicaram que Rajoy recebeu Ledezma em Madrid e expressou-lhe o seu compromisso em trabalhar por uma solução plenamente democrática para a Venezuela, o que passa “necessariamente” pela libertação dos presos políticos e pela realização de eleições também elas plenamente democráticas.
Rajoy disse ainda a Ledezma que Espanha continuará a trabalhar, a nível bilateral e em colaboração com os seus parceiros europeus e ibero-americanos, para seja alcançada essa solução na Venezuela, disseram as mesmas fontes.
Para o Governo espanhol, Ledezma, que chegou hoje a Madrid depois de ter saído clandestinamente da Venezuela, onde estava em prisão domiciliária desde 2015 após quase três anos na cadeia sem ter sido julgado, “é uma das principais referências da luta do povo irmão venezuelano pela recuperação da sua liberdade e da normalidade democrática”, ainda segundo as fontes citadas pela EFE.
Durante o encontro, na sede do Governo espanhol, o autarca de Caracas transmitiu, por sua vez, a Mariano Rajoy como é difícil a situação política, económica e humanitária na Venezuela.
O ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Jorge Arreaza, escreveu numa mensagem no Twitter que “o Governo Bolivariano da Venezuela expressa a sua rejeição perante as ações do presidente do Governo de Espanha, @marianorajoy, depois de ter recebido o fugitivo da justiça venezuelana, Antonio Ledezma, acusado de delitos de conspiração e associação para a delinquência”.
Arreaza divulgou ainda um comunicado oficial em que o apoio do Governo espanhol a Ledezma é considerado “a continuação de uma longa lista de agressões e ingerências cometidas conta o povo e o Governo bolivariano”.
“O presidente Rajoy insiste, violando todos os princípios do direito internacional, em dar proteção e apoio a um grupo extremista da oposição violenta venezuelana, que tem violado todos os princípios democráticos e tem promovido a desestabilização do Governo”, lê-se no comunicado.
Ledezma saiu da Venezuela na sexta-feira, viajando por estrada até Bogotá, a partir de onde viajou para Madrid. No mesmo dia, Maduro desejou-lhe, entre risos, “felicidades”, pedindo a Espanha que não o devolva à Venezuela.
À chegada hoje a Espanha, Antonio Ledezma criticou as divisões que estão a surgir entre os adversários de Nicolas Maduro e indicou que pretende fazer uma digressão internacional e “encarnar, no exílio, a esperança de todos os venezuelanos”, ou seja, o fim de Maduro, que lidera um “regime ditatorial” e que está em “conluio com traficantes de droga”.
A Venezuela é há meses palco de uma crise política, económica e humanitária, agravada pela descida dos preços internacionais do petróleo, a única riqueza do país.
A oposição tinha maioria no parlamento da Venezuela, mas Maduro convocou eleições para um assembleia constituinte, que já tomou posse e que não é reconhecida pela comunidade internacional.
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