A casa mortuária, inaugurada em outubro, foi construída nos terrenos do horto municipal e fica junto ao cemitério municipal, nas proximidades da Igreja do Convento da Ordem Terceira de São Francisco, Igreja de Santo António, onde continuam a decorrer os velórios da cidade.

O novo equipamento, construído de raiz, representou um investimento de 1,073 milhões de euros por parte da autarquia e foi justificado com a necessidade de conferir “condições de dignidade e sobriedade durante as cerimónias fúnebres”. Contudo, desde que foi inaugurado o novo espaço ainda não utilizado.

Contactados hoje pela Lusa, os responsáveis de três das seis funerárias do concelho de Viana do Castelo criticaram a “ausência de um acesso direto ao cemitério municipal e, mesmo ao lado, à igreja de Santo António”, o que obriga a “andar às voltas” com o caixão.

Referiram também que as pessoas que participarem nas cerimónias fúnebres têm de sair “em romaria” do novo espaço e deslocar-se a pé para a igreja ou para o cemitério.

“Quando explicamos isso aos clientes eles não querem ser sujeitos a essas andanças”, referiu um dos responsáveis.

Os agentes funerários do concelho queixam-se de não terem sido ouvidos durante a elaboração do projeto, aprovado em 2020, no último mandato do ex-autarca José Maria Costa, atual secretário de Estado do Mar, assim como não foram convidados para a inauguração da casa mortuária, em outubro.

“A casa mortuária está muito bem-feita, é muito bonita, mas não foi feita a pensar em quem lá trabalha. É muito bonito, mas para a vista. Na prática não é funcional”, disse a gerência de outra funerária.

As funerárias apontam como “única alternativa viável a solução antiga, proporcionada pelas capelas mortuárias da Ordem Terceira, com ligação à igreja de Santo António e ao cemitério”.

Na quarta-feira, questionado pela Lusa, o presidente da Câmara, Luís Nobre, referiu que a casa mortuária está em funcionamento, mas “tem de ser requerida”.

“Não foi até hoje, quando for será utilizada. Tem todas as condições funcionais, operacionais, logísticas para poder ser utilizada a qualquer momento”, sublinhou.

Questionado, Luís Nobre disse não existir qualquer problema que impedisse a sua utilização.

“Havia uma tradição que serem utilizados os espaços afetos à Ordem Terceira. É natural que haja uma transição temporal desses hábitos e rotinas estabelecidas entre as agências funerárias e os munícipes. Foi percecionada a necessidade do edifício. O município encontrou um local, desenvolveu um projeto, construiu uma obra. O equipamento está em plenas condições de funcionamento”, afirmou.