Em comunicado, a empresa hoteleira critica “‘ataques’ por alguns que abraçam causas mediáticas, só aparentemente justas, e usam de falsidades, sem sequer procurarem minimamente obter a verdade dos factos”.
A Vila Galé lembra que em abril de 2017 “foi convidada pelo Governo da Bahia e Prefeitura de Una para realizar um investimento num mega 'resort' para ajudar ao desenvolvimento da região de Una, tendo sido estabelecida uma parceria com a empresa proprietária dos terrenos”.
A empresa garante que realizou todos os estudos e projetos, que foram aprovados pelas autoridades competentes e que, “ao longo de todo esse tempo, não surgiu qualquer reclamação ou reivindicação, apesar de ser pública e notória em toda a região a notícia do projeto”, lê-se na mesma nota.
Segundo o grupo, não há sinais de ocupação ou utilização indígena num raio de muitos quilómetros e “não existe qualquer reserva indígena decretada para esta área, nem previsão de a vir a ser”.
“Passaram três mandatos governamentais anteriores, com vários ministros da Justiça e nenhum deles aprovou a demarcação das terras indígenas”, garante a empresa portuguesa.
“Entretanto, tratando-se de um tema delicado que suscita estados emocionais por parte de alguns setores, fomos acusados de falsidades inconsistentes e graves”, critica o grupo, no mesmo comunicado.
A Vila Galé revela depois que vai ser forçada a “abandonar este projeto”, isto, ressalva o grupo, “apesar de os projetos estarem aprovados e terem o apoio explícito da Prefeitura de Una, do Governo Estadual da Bahia e dos órgãos de Turismo do Governo Federal, por se tratar de uma obra de maior relevância económica e social”, acusando ainda “alguns poucos sem razão prejudicarem toda uma população que se vê privada da oportunidade de ter emprego num projeto de prestígio”.
“Não é de nosso interesse que um hotel 'resort' Vila Galé nasça com a iminência de um clima de 'guerra', ainda que injusta e sem fundamento, como são exemplo as ameaças proferidas na embaixada de Portugal em Brasília e algumas declarações falsas, dramáticas e catastróficas que deveriam envergonhar quem as profere”, critica o grupo na mesma nota.
No dia 29 de outubro, numa nota enviada às redações, o grupo reagiu a uma notícia do portal de jornalismo de investigação brasileiro The Intercept, garantindo que “não existem indígenas” na zona onde pretendia instalar o Vila Galé Costa do Cacau.
“Não existe no local qualquer tipo de ocupação de pessoas e bens ou sequer vestígio da mesma num horizonte temporal muito alargado”, lê-se num comunicado divulgado nessa altura, onde o grupo justificava a legitimidade do hotel, que tinha abertura prevista para 2021.
De acordo com o The Intercept, a Fundação Nacional do Índio (Funai) recebeu, em julho último, um pedido do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) – órgão vinculado ao Ministério do Turismo do Brasil – para encerrar o processo de demarcação de uma reserva indígena no sul da Bahia, para a construção do hotel de luxo.
A área em causa, que corresponde a 470 quilómetros quadrados, pertence ao povo Tupinambá de Olivença, que luta pela demarcação daquelas terras há pelo menos 15 anos, e cuja primeira fase do processo foi concluída em 2009.
"Esta é a primeira vez, pelo menos desde a Constituição de 1988, que um órgão federal faz 'lobby' sobre outro – e o regista num documento oficial do Governo – para entregar à iniciativa privada uma área indígena, também ela registada num documento oficial do executivo", escreveu o The Intercept, depois de falar com vários especialistas, que declararam a ação inédita e ilegal.
O empreendimento estimava criar mais de 500 empregos diretos e cerca de 1.500 indiretos, segundo a Vila Galé, que mantém a intenção de investir na zona de Una, “no mais curto prazo”, de acordo com a nota de hoje.
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