O corte no benefício, que é quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto e é também uma das suas principais fontes de receita, foi o mote para o protesto convocado pela Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense (Avadouriense), em conjunto com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
O conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) fixou o benefício nas 90.000 pipas (550 litros) para a vindima 2024, o que representa um corte de 14.000 pipas na produção de vinho do Porto.
Vítor Herdeiro, viticultor e dirigente da Avadouriense, resumiu à agência Lusa os três principais motivos do protesto: o corte no benefício, a redução do rendimento por hectare das 10 para as oito pipas e ainda as incertezas no escoamento de uvas.
“Os exportadores estão-se a preparar para não ficar com a produção, porque dizem que estão cheios”, frisou, alertando para a entrada de vinho importado que se tem verificado na região.
Já no ano passado, argumentando com os ‘stocks’ cheios, houve empresas que não compraram ou compraram menos uvas aos viticultores.
“Isto, no nosso entender, pode ser o início de uma catástrofe social na Região Demarcada do Douro”, afirmou.
Vítor Herdeiro salientou ainda que, neste protesto, os viticultores vão reclamar um preço justo para uvas e vinhos e o controlo e limitação das importações de vinhos e de mostos.
Em dois anos, o Douro perdeu 26 mil pipas de benefício, o que equivale a menos cerca de 26 milhões de euros, tendo em conta a média de 1.000 euros por pipa.
A manifestação tem ponto de encontro marcado para o edifício do IVDP, o instituto público que tem como missão promover o controlo da qualidade e quantidade dos vinhos do Porto, regulamentando o processo produtivo, bem como a proteção e defesa das denominações de origem Douro e Porto e indicação geográfica Duriense. O protesto terminará no largo na Estação do Peso da Régua, no distrito de Vila Real.
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