Segundo a Associação Nacional de Farmácias (ANF), em declarações ao Jornal de Notícias, o paracetamol pediátrico Ben-u-ron xarope está praticamente esgotado. O medicamento é uma das marcas mais compradas para combater febre ou sintomas gripais em crianças. A rutura, que deverá ser sentida em todo o país, prende-se com problemas de produção.

Segundo uma fonte da ANF, a previsão é de que a reposição "não vai ser possível durante o mês de janeiro".

A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) assegurou hoje, no entanto, que há alternativas no mercado para substituir o xarope Ben-u-ron, que está em rutura de 'stock' em muitas farmácias, com a mesma forma farmacêutica e em quantidade suficiente.

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do Gabinete de Disponibilidade do Medicamento do Infarmed, Helena Ponte, afirmou que a autoridade do medicamento foi notificada pela Bene Farmacêutica, empresa titular da autorização de introdução no mercado (AIM) do Ben-u-ron da situação de rutura.

“O fabrico [do xarope] teve um problema de qualidade e a empresa titular da AIM agiu em conformidade e notificou o Infarmed com o tempo suficiente para nós realmente garantirmos o acesso a esse medicamento, o paracetamol em xarope 40 miligramas”, disse Helena Ponte.

Segundo a responsável, este medicamento tem alternativas no mercado nacional pela parte da Generis Farmacêutica, dos Laboratórios Basi e da Farmoz.

A notificação permitiu que a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde fizesse o seu trabalho “na garantia do seu acesso durante o período que há uma grande probabilidade do medicamento Ben-U-Ron estar em rutura”, sublinhou.

Durante esse período, salientou, o mercado nacional e todo o país terá “disponível o mesmo medicamento para ser consumido nas mesmas quantidades médias nesta altura do ano”, assegurou Helena Ponte.

A responsável adiantou que a empresa farmacêutica para mitigar o impacto desta rutura reforçou a disponibilidade de outras formas farmacêuticas, mas o Infarmed pugnou para que houvesse alternativas com a mesma forma farmacêutica, independentemente de haver um reforço de comprimidos ou de supositórios, que não é o foco do problema da rutura.

Questionada pela Lusa sobre se a rutura poderá ser até fevereiro, Helena Ponte afirmou que, neste momento, há “uma previsibilidade dessa rutura que pode ser superior, pode ser inferior, tendo em conta que é uma questão de qualidade”.

"Diria que, se calhar, em fevereiro seria o pior dos cenários, mas até para a empresa porque, do ponto de vista do consumidor nacional, há o medicamento em Portugal", sustentou.

Mas, vincou, esses fatores já foram tidos em conta na análise do Infarmed. “Neste momento, já temos quantidade suficiente no mercado e em território nacional superior àquela que, em princípio, será necessária para o tempo de rutura, além dos mecanismos já ativados para a sua produção nas quantidades que forem necessárias”, reiterou.

Para o Infarmed, a avaliação desta rutura foi de “impacto reduzido ou nulo”, porque o medicamento está assegurado no mercado pelos genéricos.

O presidente da autoridade reguladora disse mesmo ao Observador que não há motivos para preocupação. Segundo Rui Santos Ivo, há pelo menos três alternativas também em versão xarope e a preços baixos no mercado, sendo que os farmacêuticos têm a obrigação de indicar as alternativas ao xarope ben-u-ron no ato de compra.

Jorge Amil Dias, presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, procurou acalmar os pais reiterando em declarações à TSF que não há razão para alarme, uma vez que existem no mercado outros medicamentos "com o mesmo princípio terapêutico, que são perfeitamente equivalentes e podem ser utilizados com toda a segurança".

A expectativa do director médico da empresa responsável pelo fabrico dos medicamentos Ben-U-Ron, Alfredo Tavares, em declarações ao Público, é de que a ruptura não se faça sentir tão cedo, mas assumiu que "a previsão é não recebermos o Ben-U-Ron xarope até ao final de fevereiro".

(Notícia atualizada às 13:34)