De acordo com o Jornal de Notícias, o Ministério Público (MP) alega, no Caso dos Emails, que o Benfica tinha, pelo menos, três indivíduos que lhe passavam informações da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), da Liga Portugal, do Conselho de Arbitragem e de outros órgãos.
Horácio Piriquito, vogal do Conselho Fiscal da FPF, terá enviado documentos da instituição a Pedro Guerra, do jornal “O Benfica”. Segundo a investigação, a 30 de novembro de 2016, Piriquito enviou uma auditoria interna.
Dois meses antes enviara um documento, a que o MP não conseguiu aceder, mas que, segundo o próprio Piriquito, seria algo “superconfidencial, nem sequer foi ainda aprovado”.
O vogal é considerado funcionário da Federação Portuguesa de Futebol, "pelo que os factos denunciados são suscetíveis de integrar, em abstrato, crimes de corrupção passiva e ativa, oferta ou recebimento indevido de vantagem, abuso de poder ou violação de segredo por funcionário", avança o JN.
Por esse motivo, foi extraída uma certidão e Horácio Piriquito será alvo de processo autónomo.
Já entre 2013 e 2017, Nuno Cabral, delegado da Liga, enviou a Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, documentos da Liga e de outras entidades, entre eles relatórios dos jogos do Benfica, listagens de multas, classificações, nomeações de árbitros e de observadores e pareceres jurídicos da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol.
Em troca, terá recebido do Benfica bilhetes para, pelo menos, 47 jogos dos encarnados, incluindo duas finais da Liga Europa, em Amesterdão e Turim, e um bilhete de avião para os Países Baixos.
Ao contrário de Horácio Piriquito, Nuno Cabral não será processado. O delegado deixou a Liga em 2016 e só em 2017 este tipo de conduta foi criminalizada no desporto.
Por outro lado, a própria Liga só obteve estatuto de utilidade pública em 2020, pelo que não pode ser considerado crime de recebimento ou oferta indevida de vantagem, nem de corrupção por funcionário. Por fim, por ser "apenas" um delegado, Cabral não pode ser acusado de corrupção desportiva.
Ferreira Nunes, elemento do Conselho de Arbitragem, é o terceiro elemento envolvido nas "trocas de favores". O responsável pelas classificações dos árbitros, entre 2013 e 2016, terá transmitido informações a partir das notas dos árbitros, a troco de bilhetes para os jogos, estadias em hotéis e um alegado pagamento.
Segundo o MP, Nunes não será responsabilizado criminalmente, uma vez que, à data destes factos, já não integrava o Conselho de Arbitragem.
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